"MySite é um marco na transição digital da Engexpor"

"MySite é um marco na transição digital da Engexpor"
Miguel Alegria, CEO Engexpor

Concluído em 2020 e preconizando «uma ambição antiga», «o MySite não é o fim, mas sim o início da nossa transição digital, num setor que não é particularmente associado à inovação», afirma o CEO da Engexpor, Miguel Alegria. Ou seja, é um projeto que «não está encerrado, pois tem uma enorme potencialidade de evolução e estamos a trabalhar nesse sentido» adianta.

Tendo a sua génese em 2019, «muito antes de sequer imaginarmos que poderia haver uma pandemia destas», «é inegável que o MySite veio em boa hora, pois facilitou muito a nossa adaptação ao atual contexto», reconhece o responsável, garantindo que «com este processo de transição digital reforçámos muito a cultura de inovação dentro da nossa organização e o resultado tem sido fantástico internamente, mas tem também valorizado a nossa atividade e os serviços que prestamos».

Descrevendo-o como «o nosso grande projeto no campo da transformação digital», Miguel Alegria lembra que «o objetivo era que cada colaborador, independentemente do local onde se encontrasse, se sentisse parte de um todo e estivesse totalmente sintonizado com a empresa. Assim, decidimos criar uma plataforma totalmente desenhada com as nossas necessidades e que funcionasse como ligação entre cada colaborador e a empresa, entre o colaborador e o seu grupo de trabalho e entre o colaborador e os projetos em que está envolvido». Ou seja, «a nova plataforma permite interação a vários níveis. Em primeiro lugar, a um nível macro, ao permitir ter uma visão geral e integrada sobre o que está a acontecer na empresa e comunicar com todos os colaboradores, partilhando informação e conhecimento. A um nível mais local, ao permitir a conexão entre diferentes profissionais criando grupos de trabalho, grupos de partilha de informação ou até mesmo grupos sociais para trocas de informação. E, finalmente, a um nível individual, ao permitir ter acesso à informação de uma forma facilitada e bastante rápida em qualquer local onde se encontre», esclarece.

Tecnicamente, o MySite «é uma plataforma assente na tecnologia Azure e no Sharepoint da Microsoft, mas adaptada de raiz as nossas necessidades. Permite interligar vários softwares da Microsoft e centralizar num único espaço toda a informação sobre a empresa. Neste momento, cada área de negócio e projeto têm o seu espaço individual, em que os respetivos acessos são parametrizados de uma forma centralizada». Entretanto, já estão a ser implementadas algumas melhorias na plataforma. «O MySite começou por estar orientado para dentro, ou seja, para os colaboradores da Engexpor, mas estamos já a trabalhar para o ligar aos nossos clientes, permitindo que tenham uma maior ligação com a nossa atividade no que respeita aos projetos que nos confiam», diz Miguel Alegria.

Fazendo um balanço positivo deste investimento no digital, a Engexpor está a preparar mais novidades neste campo. «Pretendemos reforçar a nossa atividade digital e em breve anunciaremos o lançamento de mais serviços», afirma o seu CEO.

Sempre com o foco na inovação e na melhoria contínua, nestes últimos dois anos «temos vindo também reforçar a nossa proximidade com as Universidades portuguesas» acrescenta o responsável, explicando que ao explorar esta ligação entre o contexto académico e o empresarial tem sido possível promover «algumas interações muito interessantes com Universidades em áreas de formação muito diferentes da engenharia, como por exemplo na área da Gestão, o que nos tem permitido conhecer outras realidades e melhorar vários aspetos da nossa atividade».

Atividade voltou a acelerar na reta final de 2020

Olhando em retrospetiva para o último ano e para os efeitos da pandemia na atividade da Engexpor, o CEO da empresa conta que «o período mais crítico foram os meses de março, abril e maio de 2020 com a imposição de um confinamento geral em Portugal e um pouco por todo o mundo. Neste sentido, foi muito desafiante porque foi um período marcado pela incerteza e pela necessidade de adaptação a uma nova realidade, que teve impacto sobretudo nos projetos em fase de construção». Ainda assim, congratula Miguel Alegria, «durante esse período, toda a indústria da arquitetura, engenharia e construção se adaptou muito bem à continuação da atividade no contexto pandémico, tendo sido capaz de gerir a sua atividade face a diferentes graus e estados de confinamento».

Apesar desse abrandamento no início do ano, devido sobretudo «ao adiamento na tomada de decisão por parte de alguns investidores», em Portugal «temos vindo a assistir a uma nova aceleração no ciclo imobiliário desde o último trimestre do ano, com vários projetos a serem anunciados e, alguns deles, a serem confiados à Engexpor», diz Miguel Alegria. A seu ver, este «é um excelente sinal de vitalidade do mercado, tendo em conta o prolongamento do contexto pandémico e o seu impacto na economia portuguesa».

Portugal já vale 60% do negócio da Engexpor

Aumentar o peso do mercado português na atividade da Engexpor, que presta serviços de gestão de projetos imobiliários e de construção em vários países e continentes, era outra das metas definidas para 2020 e que também foi atingida com sucesso, quer ao nível do número de projetos como na sua dimensão. E o resultado está à vista, com a atividade em Portugal a corresponder a cerca de 60% do volume de negócios da Engexpor no ano passado.

Contudo, realça Miguel Alegria, «quando olhamos para estes dados há que ter em consideração que países onde temos uma forte presença, como o Brasil e Angola, sofreram uma grande desvalorização das suas moedas, o que tem um impacto significativo nas nossas contas. Por outro lado, a nossa presença nesses países tem vários anos e pretendemos continuar por muitos mais, pelo que não analisamos o peso da atividade somente pelo seu valor em euros, mas pelos projetos e relações que temos em cada país».

Além disso, nota ainda o responsável, há que ter em conta que os diferentes mercados onde a Engexpor tem uma atividade mais intensa têm reagido de formas diferentes à pandemia. «No Brasil, o impacto foi mais severo com a paragem de vários projetos, sobretudo ligados ao setor hoteleiro». No entanto, «no fim do ano passado e início deste, começámos a assistir a um recomeço de alguns novos projetos em diferentes setores, o que nos faz acreditar que 2021 será um ano bem melhor do que 2020». Já em Angola «continua a sentir-se uma grande crise na economia, agora reforçada pela crise sanitária, e a nossa atividade decorre a um ritmo médio».

Em contrapartida, «em Portugal, em 2020 sentimos principalmente um adiamento de algumas decisões relacionadas com o arranque de novos projetos», sendo que «apenas um projeto que tínhamos em curso parou»: a fabrica de jipes da Ineos Automotive em Estarreja, que tomou a decisão de cancelar este investimento no nosso país.

Otimismo moderado neste arranque de ano

Para 2021, «começámos o ano com expetativas moderadamente otimistas, alicerçadas na esperança da eficácia do plano de vacinação como driver para uma melhoria significativa da atual situação e de um possível regresso a uma maior normalidade. Por outro lado, a indústria do imobiliário e da construção não pararam e acreditamos que os dois setores podem ter um peso significativo na ajuda à recuperação económica. Em concreto, no caso de Portugal, vemos os nossos clientes com vários projetos em estudo ou em arranque, o que nos faz acreditar que vamos ter muita atividade».

O facto por um lado de ao longo dos seus 35 anos já ter enfrentado várias crises no setor imobiliário e, por outro lado, de ter alguma dispersão geográfica, «permite-nos encarar o futuro com mais tranquilidade, pois sabemos que os países têm ritmos económicos diferentes». Além de que, remata, «o nosso foco não é o crescimento rápido, mas sim a manutenção de um crescimento sustentável».