Um 2024 a duas velocidades

Num contexto económico mais incerto como o atual, estou convicto que poderemos vir a assistir, no setor imobiliário em 2024, a um ano a duas velocidades: primeiro, uma velocidade mais lenta, provocada pelo natural princípio da prudência que acredito que irá marcar o primeiro semestre. Depois, a retoma de alguma confiança no mercado que trará maior dinâmica.A ponderação que podemos vir a assistir na primeira fase do ano, transversal a todos os protagonistas do setor, desde a banca aos clientes, não significa, contudo, um travão generalizado e muito menos que a situação seja comparável a crises financeiras anteriores como o subprime.Perspetivo, acima de tudo, um ano de correções no setor, com ajustes no preço de venda das casas que, ainda assim, continuarão a subir, mas a um ritmo mais moderado. Deste modo, é natural que os tempos médios de venda aumentem, sobretudo no primeiro semestre, devido a um maior rigor na concessão dos créditos à habitação. Além disto, e fruto do contexto, poderão verificar-se também algumas alterações na procura.A procura de casa fora das cidades foi uma tendência que se acentuou com a pandemia e prevejo que se vá manter devido à pressão sentida nos centros das grandes cidades, quer ao nível do preço, quer dos terrenos disponíveis para nova construção. Este ano já se começou a assistir a um maior volume de construção de novos empreendimentos nas periferias das grandes cidades, como por exemplo em Loures, Gaia ou Almada. Este tipo de empreendimentos, alguns deles condomínios fechados, oferecem o conforto necessário a uma curta distância do centro das grandes metrópoles e com preços mais competitivos para as famílias portuguesas.No entanto, a partir do segundo semestre, com a inflação estabilizada, poderá vir a assistir-se a uma diminuição das taxas de juro, situação que trará novamente maior certeza ao mercado e mais dinamismo nas transações efetuadas.Ao nível do mercado de arrendamento, em 2023 o preço esteve artificialmente controlado com medidas impostas pelo Governo que impediram o aumento das rendas acima dos 2%. Esta decisão teve, contudo, o efeito perverso de afastar a oferta ao invés de a estimular e, em simultâneo, contribuiu de forma muito significativa para a subida das rendas através de novos contratos de arrendamento.Em 2024, o Governo deixa cair esta norma e, assim sendo, é expectável que a confiança dos investidores retome e se registe um potencial crescimento da oferta. Todavia, considerando o reduzido número de casas disponíveis para arrendamento no mercado nacional, é muito provável que se verifiquem ainda novos aumentos do preço médio.Por tudo isto, julgo ser inevitável uma subida dos preços médios de venda e arrendamento, embora mais suave, no mercado português ao longo doeste ano. O problema estrutural que temos no setor da Habitação e do Imobiliário há décadas continuará por resolver, já que a oferta disponível ficará muito aquém da procura.Apesar da incerteza, a ERA está preparada para enfrentar os desafios que possam surgir. O nosso principal foco está na área de Expansão, Novos Empreendimentos e Tecnologia. Em 2024 a ERA continuará a cumprir o seu plano de expansão da rede e pretende abrir 48 novas agências. Como tal, iremos lançar um novo serviço que tornará o modelo ainda mais apelativo para os franchisados.Na área dos Novos Empreendimentos, pretendemos reforçar a equipa por forma a captar ainda mais negócio neste segmento tão importante para o desenvolvimento do imobiliário em Portugal.

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