Duas das maiores socimis estão atentas ao imobiliário português

Duas das maiores socimis estão atentas ao imobiliário português

 

A intenção foi revelada durante a 1ª edição da Iberian REIT Conference, organizada pela Iberian Property e pela EPRA na semana passada, em Madrid, onde os responsáveis pela Merlin Properties, focada em ativos de escritórios e comércio, e da Hispania, vocacionada para o segmento turístico, anunciaram que pretendem investir no nosso país.

Ismael Clemente, CEO da Merlin Properties, anunciou durante a conferência que a SOCIMI pretende aumentar a sua exposição ao imobiliário português, onde já detém vários edifícios de escritórios e uma galeria comercial. Assume estar especialmente atenta ao segmento do retalho.

Já a Hispania deverá fazer a sua entrada em Portugal quando encontrar a oportunidade adequada. Cristina García-Peri, diretora geral da SOCIMI, explica que a empresa está atenta, nomeadamente às carteiras da banca, que podem ter «boas oportunidades».

Por seu turno, José Luís del Valle, que dirige a Lar España, reconheceu a «estupenda oportunidade que o imobiliário português constitui», mas afirmou estar, por enquanto, focada só em Espanha.

 

Sem REITs, «os investidores terão que investir através de outros países»

Neste encontro de investidores imobiliários, os presentes reconheceram os aspetos comuns entre os mercados ibéricos enquanto vantagem para o investimento, mas assinalaram que Portugal carece de um regime de REITs, o que poderá, a prazo, limitar a atratividade do investimento.

Manuel Puerta da Costa, presente na conferência em representação da APFIPP, acredita que «se Portugal não legisla os REIT, os investidores terão que investir no nosso mercado através de outros países, com as devidas perdas em termos de receita para o país. O Governo, qualquer que seja a sua ideologia política, deveria pensar nos interesses nacionais e ter, neste campo, uma visão de longo-prazo, assumindo que esta figura dos REIT, conforme comprovado em diversas realidades europeias, tem um papel de bem público, transparente e profissional», assinalou na ocasião.

Por outro lado, Miguel Ferre, Senior Advisor da EY e um dos “pais” da atual legislação de REITs em Espanha, acredita que «há uma enorme expetativa em torno do despertar de Portugal para investimento imobiliário através de empresas cotadas, especialmente no contexto de melhoria da economia e do mercado imobiliário. O Governo Português, que se depara agora com decisão de regular o imobiliário cotado, tem que pensar a quem se dirige o modelo de REIT. Para captar o investidor internacional é importante oferecer produtos simples, comparáveis e semelhantes ao resto dos mercados. Por isso, cerca de 90% dos REIT utilizam o mesmo formato».

António Gil Machado, diretor da plataforma da VI Iberian Property, realça que este é «um mecanismo de investimento que convive com as alternativas já existentes, atraindo capital sobretudo internacional, que procura investir através de um formato comparável com outros países onde já está presente. Isso é absolutamente crucial numa altura em Portugal está com uma projeção internacional nunca vista, com uma crescente credibilidade e em que a competição entre as cidades pelo investimento é cada vez mais cerrada».