Investimento internacional «está a mudar o imobiliário»

Investimento internacional «está a mudar o imobiliário»

 

Este ano, o volume total de investimento imobiliário deverá ultrapassar «máximos antigos», depois de um ano de 2017 em que o investimento rondou os 2.000 milhões de euros, sendo também esse valor um recorde. Analisando o mercado de investimento português, a Colliers contabiliza um investimento em janeiro deste ano com mais de 1.000 milhões de euros em transações.

O impacto deste investimento sente-se, por exemplo, no segmento habitacional, cuja procura «estava a mudar o centro das principais cidades portuguesas, e todos podemos ver diariamente como o apelo internacional do país cresce», segundo a análise da consultora referente ao final do ano passado.

Referindo-se ao segmento empresarial, a Colliers nota que «é fácil entender como as principais empresas internacionais começam a chegar a Lisboa e ao Porto. Ainda recentemente, surgiram notícias sobre a chegada da Amazon ao Porto, juntando-se a um vasto leque de empresas que a precederam nessa opção, catapultando a absorção de escritórios no Porto para máximos históricos, embora não deixando de expor as lacunas do lado da oferta», principalmente em Lisboa, que sente esta escassez há mais tempo. E completa que é notório que «as empresas internacionais estão a mudar o mercado de escritórios do Porto».

Vasco Carvalho, da Office Team da Colliers, destaca que «à medida que a procura se transfere dos pequenos profissionais liberais para importantes empresas internacionais, também, a dimensão dos negócios passa de abaixo de 200 m² para acima dos 1.000 m²». Por outro lado, considera que o negócio da Natixis não será um caso isolado, até porque «temos, regularmente, diversas empresas internacionais a pedir informações sobre o Porto, mas os promotores locais têm de perceber a oportunidade que existe neste mercado e colmatar o desequilíbrio da oferta».

Em Lisboa, está a crescer a área ocupada pelas empresas que chegam à cidade. Gustavo Castro, Research da Colliers, realça «as transações de espaços com mais de 1.000 m², que representaram 62% da absorção total, enquanto abaixo dos 200 m², apenas 5%. É normal que muitos edifícios se revelem estruturalmente incapazes de acomodar as necessidades dos ocupadores num único piso, e, muitas vezes, a única solução passa por acomodar esses ocupadores em pisos intercalados». Se, por um lado, a falta de oferta na cidade deslocaliza as empresas para fora de Lisboa, por outro penaliza a competitividade internacional deste destino.

No entanto, e apesar dos problemas da oferta, o investimento em escritórios liderou no ano passado, superando o retalho. Este ano, o retalho deverá voltar a encabeçar o investimento, num mercado com potencial de crescimento, yields em quebra, uma economia estável e em crescimento e boas oportunidades, realça a consultora.