LACS quer ser exemplo da “essência do cluster criativo”

LACS quer ser exemplo da “essência do cluster criativo”

 

Fruto da ideia e do investimento de 3 milhões de euros dos sócios Miguel Rodrigues, Gustavo Brito, Filipe Botton e João Raimundo, o LACS instalou-se no antigo edifício das cantinas e balneários do Porto de Lisboa, desocupado há mais de 20 anos, através de um concurso público com uma concessão de 19 anos. Miguel Rodrigues conta à VI que a ideia surgiu depois de um almoço com um dos sócios perto da zona: «depois de sentirmos o que se estava a passar em Lisboa, olhámos para o prédio e vimos a oportunidade. E vimos que era viável o nosso sonho. Em 2016 assinámos o contrato, e em 2017 focamo-nos no projeto e na preparação e lançamento da empreitada».

Segundo o responsável, o LACS terá espaços de coworking, mas terá também muito mais do que isso, assumindo-se como um verdadeiro cluster criativo. «O mercado português segue o que está a acontecer na Europa e no mundo», no que diz respeito à flexibilidade dos espaços de trabalho. «Mas o LACS será também um espaço criativo, e estará aberto ao público. Além do coworking, vamos ter ateliers, estúdios, galeria, salas de eventos, salas de reuniões, (não só para membros), rooftop, cafetaria, restaurante, e tudo isso é um cluster criativo e um espaço de coworking». Além disso, «oferecemos uma série de serviços e o próprio networking, uma dimensão que faz com que as empresas que aqui se instalam tenham sinergias entre elas para criar novos negócios e potenciar os seus negócios já existentes neste espaço».

O LACS terá áreas públicas, uma das grandes novidades deste tipo de espaço, que incluem o rooftop ou a cafetaria. «Uma das razões pelas quais queremos ter área pública é porque queremos criar duas zonas de eventos nas escadas, duas galerias verticais, num programa que está a ser desenvolvido para um compromisso com a cultura e a arte. Queremos trazer jovens artistas e artistas consagrados para eventos, exposições ou workshops».

Por outro lado, o centro é também aberto a parceiros do centro, como a Otis, a Robbialac ou a Sanitana, empresas que «não olham para o LACS só como cliente, mas com a perspetiva de usar o edifício como showroom também. Podem trazer os seus clientes a qualquer hora o dia para mostrar também o seu trabalho». Acredita que «esta é a essência do cluster criativo, é trazer as empresas e o público».

 

Diversidade é a palavra chave do conceito

O público alvo do LACS são as empresas das indústrias criativas, «uma área vasta». A EDP ou o Rock in Rio são alguns dois nomes sonantes que têm presença no espaço, mas «os pequenos ocupantes são tão importantes para nós como os maiores, todos são membros», explica o responsável, que assume que o objetivo é ter um mix o mais variado possível dentro dos 600 lugares disponíveis, para o qual já se registaram 3.000 inscrições. «Ainda temos alguns espaços desocupados, queremos diversificar ao máximo dentro das indústrias criativas. Caso contrário, era fácil ocupar o espaço».

Houve, no entanto, quem estivesse interessado na compra do edifício na sua totalidade, mas «não era esse o nosso objetivo. E não nos interessa que uma empresa ocupe vários pisos». Certo é que «procuraram-nos empresas de todas as áreas, e temos de explicar, em vários casos, que não se enquadram no conceito do espaço», tanto portuguesas como estrangeiras.

 

Negócio passa pela prestação de serviços

Miguel Rodrigues explica que o negócio do LACS é uma prestação de serviços, já que cada membro paga um valor entre os 120 e os 220 euros por mês, «conforme o tipo de membro ou posto de trabalho, que pode ser Fix (uma secretária), Flex (ocupa o espaço disponível) ou Estúdios e Ateliês, com vários postos de trabalho incluídos». Dentro desse valor está tudo incluído desde limpeza, a internet, água ou luz.

«O LACS também oferece essa flexibilidade às empresas, que querem hoje em dia. Hoje somos 10, mas amanhã podem ser 20, e se voltarem a ser 10 só paga as 10 pessoas que tem no momento, e não paga as salas de reuniões que estão desocupadas, só são pagas consoante as necessidades», explica.

 

Falta de escritórios limita a abertura de novos LACS

O LACS deverá ser um modelo replicado noutras zonas do país, pelo menos é essa a intenção dos sócios. Mas, assim como regista uma forte procura a própria empresa sente «alguma dificuldade em arranjar espaços ao melhor preço, quando pensamos em expandir». O responsável explica que «existem espaços, temos alguns debaixo de olho, não só em Lisboa, mas alguma dificuldade em conseguir o melhor negócio, nomeadamente pelo preço», não tanto pelas condições do imóvel. Mas assegura que «queremos abrir mais espaços em Lisboa, bem como no Porto».