MIPIM: mercado residencial atrai cada vez mais investimento para Lisboa

MIPIM: mercado residencial atrai cada vez mais investimento para Lisboa

Capitalizando o bom momento que a cidade vive na esfera internacional, a autarquia lisboeta está de volta ao MIPIM para promover e procurar parceiros para o seu programa de habitação acessível. «A habitação acessível é um tema que está na agenda em várias cidades europeias, de Londres a Lisboa que, no fundo têm objetivos idênticos: queremos mais habitação acessível a um leque alargado da sua população, para que as cidades não seja, guetificadas ou gentrificadas», disse à VI Paula Marques, vereadora da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Usando a promoção e investimento privado «numa proporção de 70% de disponibilidade de rendas acessíveis com 30% de utilização livre em cada operação», a proposta da autarquia para os investidores privados que queiram juntar-se ao seu programa de Arrendamento Acessível vai estar em destaque na conferência organizada pela VI, pela mão da vereadora. «A recetividade que temos tido ao programa que aqui apresentámos no ano passado é boa», garantiu a autarca, reconhecendo que nesta fase «com o programa já a correr e algumas operações em processo de apuramento final, a análise crítica de parceiros é fundamental para podermos ir construindo as várias hipóteses de intervenção».

 

Fronteiras de Lisboa alargam-se para sul

Lisboa é também uma das autarquias representadas no stand que a Invest Lisboa dinamiza pelo quinto ano consecutivo no MIPIM, com o objetivo de promover a região como um destino de investimento imobiliário internacional. «O trabalho que a Invest Lisboa tem vindo a desenvolver, em particular nesta área da habitação tem sido fundamental para nós, procurando ativamente investidores que se possam juntar à CML nesta partilha de investimento na construção e disponibilização de habitação acessível», reconhece Paula Marques, para quem «seria interessante reunir mais municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML) nesta representação, além dos quatro que participam».

É o caso de Almada, ali representada ao mais alto nível, pela própria presidente de Câmara, Inês de Medeiros que, nesta sua primeira incursão ao MIPIM se revela «muito surpreendida, pela positiva». «Almada, é o segundo eixo da AML e aqui podemos dar a perceber aos investidores muito dos que são os nossos projetos e de que forma vão ao encontro das grandes tendências atuais, promovendo uma cidade inclusiva, virada para as pessoas e que aposta forte na qualidade de vida e que, no fundo, são desafios comuns aos investidores». À conversa com a VI em Cannes, a autarca destacou o bom trabalho que tem sido dinamizado pela Baía do Tejo para promover o investimento no concelho e a sua centralidade face a Lisboa, sublinhando que «os encontros que temos tido no que concerne aos terrenos da Margueira têm sido particularmente positivos».

A proximidade com a natureza, uma vasta costa de praia na Costa da Caparica, as boas infraestruturas existentes, incluindo universidades, são apenas alguns dos atrativos de Almada, sendo que para «para um estrangeiro, não há dificuldade em olhar para Almada como um território do para a qualidade de vida na AML», considera Inês de Medeiros, acrescentando que o potencial de desenvolvimento imobiliário do concelho junto dos investidores internacionais não se restringe à Cidade da Água. «Há muito mais oportunidades, e a prova é que a globalidade do território tem despertado um interesse crescente», afirma, destacando, entre outros,  «a zona de Cacilhas, onde vai arrancar um grande empreendimento no Cais do Ginjal (grupo AFA), cujo plano de pormenor deverá ficar aprovado até a final do ano. Tem havido também muitos interessados na continuação da frente ribeirinha, nomeadamente na antiga zona industrial da Romeira, que liga a Cova da Piedade à antiga Lisnave, bem como um grande interesse pela zona da Costa da Caparica».

 

Terrenos na Alta de Lisboa também estão na mira

Proprietária de uma das maiores bolsas de terreno urbanizável na capital portuguesa, a Sociedade Gestora da Alta de Lisboa (SGAL) não quis ficar de fora do MIPIM, juntando-se à comitiva portuguesa reunida no stand da região. «Numa feira onde a presença de cidades e de países é tão forte, percebemos que seria benéfico apresentarmo-nos em grupo com outros players de destaque, aumentando a nossa visibilidade junto dos investidores», disse Miguel Lobo, diretor de marketing.

A Alta de Lisboa apresenta-se em Cannes «com um conjunto de terrenos que temos no nosso portfólio, avaliados em cerca de 150 milhões de euros e para os quais estão aprovados projetos de uso misto e residenciais, voltados para a classe media e que pretendemos colocar no mercado este ano», contou aquele responsável. «Temos um portfólio de terrenos no valor de 300 milhões de euros, mas queremos coloca-los no mercado com critério e segmentação, pois não faz sentido lançar tudo de uma vez. E, como urban developer e master planner temos de ter esse cuidado, criando as condições para que os promotores imobiliários que invistam na Alta de Lisboa tenham garantia do seu investimento», reconhece.

Atualmente, a estratégia da SGAL está focada na atividade de urban development, passando pela «venda de lotes, trazendo outros promotores para o nosso território e convidando-os a desenvolver os projetos para ali aprovados e prestar-lhes todo o apoio necessário. Podemos também vender-lhes o nosso know-how, através da prestação de serviços de project-management, de pós-venda, etc.», explica Miguel Lobo. «Iniciámos esta estratégia a nível internacional no ano passado, e com sucesso: já colocámos quatro lotes de terreno no valor de 20,3 milhões de euros, e cujos projetos residenciais esperamos que arranquem em breve», diz, atestando que «nesta fase a procura de investidores no nosso território ainda se centra muito no produto residencial».

 

Espera-se, por isso, casa cheia na sessão “Residential Investment in Europe: Portugal, an Ever-Growing Hotspot, ali organizada pela Vida Imobiliária| Iberian Property na manhã desta quinta-feira. Abordando as oportunidades de investimento residencial no nosso país, a conferência contará com a participação de Inês de Medeiros e Paula Marques, que partilharão a visão estratégica dos seus municípios neste setor. Outros convidados incluem Hugo Santos Ferreira, vice presidente executivo da APPII, Pedro Seabra, Partner da Explorer Investments, Rolland Berda, fundador da Vanguard Properties, ou René Riu, Managing Partner da Infante & Riu.