"Pessoas são fator crítico para a inovação"

"Pessoas são fator crítico para a inovação"

 

A 1ª conferência de Gestão, Manutenção e Segurança decorreu no passado dia 9 de maio no Fórum Tecnológico da LISPOLIS, em Lisboa. Numa organização conjunta da APMI, APFM, APSEI e AAMGA, a conferência teve como tema a eficiência e inovação tecnológica, e contou com intervenções de reconhecidos profissionais nas áreas da Inovação Tecnológica, Gestão, Manutenção e Segurança.

Uma das principais conclusões dos debates desta conferência, é que «as pessoas são fator crítico para a inovação» tecnológica, conforme resumiu João Ferreira, Gestor de Projetos I&D da Agência Nacional de Inovação.

Segundo o especialista, o investimento nesta área aumentou significativamente, «em especial no 4.0», e uma das questões essenciais é «a capacidade de atrair e recrutar recursos humanos nesta área 4.0, essa vai ser uma das principais dificuldades». E acredita que «toda esta revolução é oportunidade para desenvolver produtos, serviços, novos modelos de negócio».

Carlos Oliveira, presidente da InvestBraga e membro do Grupo de Alto Nível da Comissão Europeia para a Inovação, concorda que «a maior preocupação é mesmo com o talento e não com as mudanças ou as tecnologias. Temos de continuar a produzir talento suficiente para responder a estes novos desafios, mas é um problema que demora muito tempo a ser resolvido».

Este responsável acredita que «a inovação não acontece só na tecnologia, tem um impacto muito maior em vários outros campos», e acontece quando «se executam ideias e se obtêm ganhos com isso. Precisamos que as PMEs possam tirar partido deste negócio, e aproveitar uma escala cada vez mais global». Até porque, lembrou, «hoje em dia posso gerir edifícios que se situam em qualquer parte do mundo a partir de Portugal», e cada vez mais os edifícios serão instrumentados e integrados com sistemas que comuniquem entre si. Mas deixou o aviso: «o contrário também é verdade, pois há muita concorrência fora de Portugal, que pode também ela gerir edifícios remotamente».

Jorge Portugal, diretor geral da COTEC Portugal, acredita que «a velocidade a que as organizações têm de responder é a grande mudança», e há que ter em conta também a questão demográfica, numa altura em que «temos três ou quatro gerações na mesma organização com expetativas muito diferentes de segurança, risco no posto de trabalho, entre outros, e o know how dos colaboradores não está contabilizado no balanço das empresas. Todos nós teremos de ter competências tecnológicas, uns mais que outros».

Carlos Oliveira rematou que é uma preocupação «as alterações na força de trabalho», já que «o modelo de trabalho das novas gerações é totalmente distinto, e a nossa postura tem de estar preparada para acolher estes jovens». A mudança de mentalidades parece ser o ponto de partida. Para Luís Murcho, CEO e co-fundador da Glartek, startup portuguesa que fornece soluções de realidade aumentada para manutenção industrial, esta é «a primeira barreira». Uma tecnologia que, acredita, «será normal para toda a gente daqui a 5 anos».

Na mesma conferência participou Silvestre Machado, diretor nacional de Segurança do Grupo Auchan Portugal, empresa retalhista que segue atentamente estas tendências e processos. Num mundo de mudanças mais rápidas, «é necessário construir o nosso próprio modelo, e não só seguir modelos. Deve-se procurar uma sinergia entre todas as áreas de uma empresa», bem como uma maior transparência dos processos e automatização das operações.

A Auchan acredita que «não basta só dar as ferramentas, é importante que o colaborador tenha mente e corpo adequado e integrado». E deu o exemplo da implementação de programas de alimentação saudável, de ginástica, organização de eventos desportivos, acompanhamento por nutricionistas, que «são essenciais. Os colaboradores são mais felizes e mais produtivos e dispostos a adotar novas tecnologias e processos».

A EDP, o ISEC, o ISQ ou a APSEI foram algumas das restantes empresas representadas neste debate.