Procura deverá enfrentar «choque brutal» no segundo semestre

Procura deverá enfrentar «choque brutal» no segundo semestre

A informação foi avançada por Adolfo Ramírez-Escudero, Chairman Capital Markets EMEA e CEO em Espanha da CBRE, em entrevista no âmbito da iniciativa Iberian Property Investment Talks, na qual revela ainda que, no curto prazo, as empresas deverão adotar políticas defensivas para gerir o balance sheet e diferentes Capex’s. E, por isso, deverão adotar também diferentes focos de investimento, como em ativos core, value-added, na restruturação de ativos e em abordagens oportunistas, procurando descontos que, em alguns casos (como em terrenos), podem ascender aos 50%.

Apesar da estruturação da cadeira de fornecimento em Portugal e Espanha e da alavancagem financeira das empresas - que é resultado do bom momentum do imobiliário nos anos anteriores -, o futuro mantém-se incerto. «Os resultados no longo prazo dependem de quanto tempo isto vai durar, se vai ser uma crise temporária ou estrutural», explica o CEO Spain da CBRE.

O que é certo é que «os volumes de investimento vão descer em 2020», estimando-se correções nos volumes do mercado imobiliário europeu na ordem dos 20% aos 30% em 2020. Ainda assim, Adolfo Ramírez-Escudero diz-se «otimista que, com as medidas que tem vindo a ser adotadas pelo Governos, vai haver um impacto severo em 2020, mas que 2021 vai haver recuperação».

 

Medidas dos Governos estão a seguir o caminho certo

As medidas adotadas pelos Governos, tanto na Europa como no mundo, para fazer face aos impactos económicos da crise Covid-19 «estão a seguir o caminho certo». Uma delas passa por «fornecer liquidez [às empresas] enquanto navegamos no choque da procura», explica.

Isto é especialmente importante no segmento do turismo, que em países como Portugal e Espanha tem um enorme peso na economia. «Temos de evitar que as empresas nestes segmentos vão para a banca rota e, por isso, é muito importante que a liquidez seja fornecida no tempo certo», defende Adolfo Ramírez-Escudero. Mas ressalva que esta é «uma medida temporária e pode não ser suficiente fornecer liquidez as empresas».

Apesar da coordenação entre políticas monetárias, fiscais e de saúde pública estarem a seguir uma direção positiva, o grande desafio para o futuro passa pelo regresso à atividade, ao «novo normal», segundo Adolfo Ramírez-Escudero. Na sua opinião, este processo está diretamente relacionado com as medidas de saúde pública, prendendo-se, por exemplo, com o modo de rastear as pessoas Covid positivas. Para o CEO Spain da CBRE, este é um passo importante «para que possamos garantir um ambiente seguro» e «criar confiança para abrir as fronteiras o mais depressa possível para, assim, ajudar o setor do turismo a regressar ao ativo».