Tecnologia suporta atividade e mudanças nas empresas

Tecnologia suporta atividade e mudanças nas empresas

Esta foi uma das principais conclusões retiradas do mais recente Webcast da Worx “Covid-19: Desafios e oportunidades – O Futuro das Empresas”, que decorreu esta quinta-feira, e se focou na forma como as empresas estão a preparar o seu regresso a um “novo normal” no escritório.

«As comunicações mostraram ser ferramentas decisivas para garantir a continuidade da atividade económica», acredita Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, garante que as redes de comunicações «estiveram à altura deste confinamento, para que as pessoas conseguissem estar em casa a trabalhar, a estudar e a consumir conteúdo», e tudo graças aos trabalhadores, nomeadamente os 7.500 colaboradores diretos e 13.000 indiretos da Altice. «Não houve quebra de serviço no nosso caso».

Este responsável está convicto de que as «decisões tomadas sob pressão» no confinamento «mudaram drasticamente a forma de trabalhar», nomeadamente com a introdução de novas ferramentas e com o estabelecimento de uma nova confiança no teletrabalho.

No caso da empresa, «o regresso ao escritório será feito durante o mês de maio, de forma muito limitada, e num processo gradual a partir de junho, privilegiando funções que beneficiam de trabalho no escritório».

Serão necessárias «alterações nos escritórios para distanciar as pessoas e estender horários de trabalho, por exemplo semanas rotativas ou de 4 dias, novas condições de higiene, cumprimento do novo distanciamento social». É uma mudança «dos nossos hábitos para o futuro», onde o teletrabalho será parte integrante. «Isto vai alterar a utilização dos milhares de edifícios que temos espalhados por todo o país».

Pedro Carvalho, CEO da Tranquilidade e Generali Seguros, partilha que a empresa colocou até 95% dos colaboradores em teletrabalho mesmo antes de decretado o Estado de Emergência, e admite que «não estávamos totalmente preparados, tivemos de fazer vários investimentos em tempo recorde».

O próximo passo é o regresso de 15% a 20% dos trabalhadores ao escritório a partir do dia 1 de junho: «vão ter oportunidade de trabalhar “on site”, mas não quer dizer que o façam, alguns vão ter problemas de deslocação, ou vão ter de continuar a dar apoio à família, por exemplo. Cada equipa vai avaliar que áreas e que pessoas vão voltar». E garante que «vamos ter todas as medidas de proteção individual, mas muito mais do que isso, é do nosso interesse não criar uma situação de contágio. Temos de segmentar os espaços o máximo possível para que hajam confinamentos seletivos».

No caso da PwC, todos os colaboradores foram colocados em teletrabalho a 12 de março, apesar de o escritório manter as funções essenciais operacionais. O regresso está planeado para 1 de junho, mas a empresa tem tido uma boa experiência com o teletrabalho.

António Correia, Territory Senior Partner da consultora, partilhou nesta conferência que «as auditorias não pararam neste período. Dotámos as pessoas das tecnologias adequadas, mantendo o diálogo com os nossos clientes, porque é importante continuar a produzir nestas fases».

Parte do desafio vai passar por «continuar no teletrabalho, mantendo o pipeline de propostas ativo», apesar de admitir que «os próximos meses serão de algum desânimo, mas temos de manter a nossa atividade com esperança».

No caso da Unilever, durante este tempo a empresa manteve as suas fábricas em funcionamento e o fornecimento da cadeia de distribuição, sendo que todos os colaboradores de escritório ficaram em teletrabalho. António Casanova, CEO da empresa, partilha que, relativamente às novas formas de trabalho, «o que falávamos há anos foi possível em 48 horas, não imaginávamos nas nossas melhores expetativas. E isto pode vir para ficar, queremos que no regresso ao escritório as pessoas já não tenham lugares fixos, e não esperamos ter mais de 80% das pessoas no escritório a cada momento. E isto representará uma poupança significativa», garante.

Sofia Crisóstomo Silva, presidente do Conselho de Supervisão da Trivalor, avança que a empresa vai implementar medidas como torniquetes com medidor de temperatura corporal integrado, mas garante que «estamos habituados a assegurar a não contaminação entre pessoas». E porque a restauração foi um dos primeiros setores a parar, «vai levar alguns meses até que a atividade volte ao normal».

Já a Randstad também colocou a maioria dos colaboradores a trabalhar a partir de casa, um trabalho que «envolveu muita gente, nomeadamente parceiros como a Altice, que permitem criar a infraestrutura necessária, e também os colaboradores, que conseguiram acomodar a sua vida privada às novas circunstâncias», refere José Miguel Leonardo, CEO da Randstad Portugal. Aqueles cujas funções não o permitem, «ficaram sob um protocolo de proteção de contágio».

Está certo de que o impacto da pandemia no mundo do trabalho «será enorme», e dá um exemplo: «se promovíamos a iniciativa de um dia de teletrabalho por semana, talvez agora promovamos um dia por semana marcado para ida ao escritório».