Turismo residencial espera quebras até 75% em 2020

Turismo residencial espera quebras até 75% em 2020

Os números são avançados por Pedro Fontainhas, diretor executivo da Associação Portuguesa de Resorts, que falava à Vida Imobiliária no âmbito da rubrica Conversas Diárias. Segundo o responsável, esta é a previsão possível quando «ainda ninguém sabe quanto tempo a crise dura ou quando acaba».

Neste momento, «a prioridade dos empresários do setor é a preservação das estruturas e dos empregos para que estejam prontos a reagir aos primeiros sinais de retoma».

Num primeiro momento, as empresas estão a recorrer ao lay-off, sendo que em muitos casos 95% dos colaboradores estão a ser colocados neste regime. «Esta indústria emprega 4.500 colaboradores permanentes e 1.500 temporários, num universo de 60.000 camas», segundo Pedro Fontainhas.

O setor quer preparar-se para a recuperação e estar «pronto para ajudar novamente o país a sair da crise. É muito importante proteger este setor, e não deixar que perca a sua capacidade funcional». Trata-se de «um tipo de turismo qualificado, que historicamente tem captado e retido muito investimento estrangeiro, traz divisas para Portugal, tem uma forte componente de exportação, e já ajudou na vertente imobiliária e turística de forma decisiva», nota ainda o responsável.

Mas admite que a retoma poderá chegar mais depressa a outros setores do que ao turismo: «é para uma retoma em pleno precisamos de aviões, e as companhias aéreas estão a passar um mau bocado. E será preciso perceber o grau de confiança com que as pessoas vão querer fazer turismo».

Poderá jogar a favor do nosso país o facto de Portugal ser visto «como um porto seguro». Pedro Fontainhas testemunha que «muitos residentes estrangeiros optaram por ficar nas suas casas em resorts, escolheram Portugal para estar durante a quarentena».

 

APR pede possibilidade de formalizar negócios à distância

Pedro Fontainhas realça um sentimento de «tranquilidade e confiança no trabalho do Governo» por parte do setor, atestando que a APR tem tido «várias reuniões e contactos diretos», nomeadamente com a secretária de Estado do Turismo. Destaca «uma grande atenção aos problemas e disponibilidade para ouvir os intervenientes».

A APR já propôs uma série de medidas mitigadoras dos efeitos da crise neste sentido, entre as quais a suspensão do pagamento do IMI até à retoma total do setor, ou a suspensão ou diferimento do AIMI já a partir do próximo vencimento.

Mas a medida sugerida que poderia ser mais imediata e barata de implementar é a possibilidade de formalização de negócios à distância, «recorrendo à tecnologia existente e à nossa rede consular».

O responsável explica que «esta proposta é muito simples de implementar e praticamente gratuita, teria um efeito imediato bastante significativo. Permitia fechar negócios e aliviar a tesouraria das empresas». Estão em causa 3 alterações na lei, que consistem em «permitir que documentos particulares, como procurações, possam ser assinados eletronicamente pelos outorgantes, através de sistemas de autenticação. A segunda alteração, passa por permitir a aferição da identidade dos outorgantes por videoconferência, para que fosse tão vinculativa como a presença física. E a terceira, permitir a assinatura digital pelos notários ou solicitadores». Pedro Fontainhas aguarda «algumas notícias sobre isto em breve».

 

 Desenhar uma estratégia para a retoma

O presidente executivo da APR garante que «há uma grande preocupação de todas as partes em planear o futuro e desenhar estratégia para a retoma».

A APR já elencou uma série de propostas de fundo neste sentido, entre as quais a reposição do regime de utilidade turística, que «permitiria regimes mais favoráveis de IMI e IMT»; ou o relançamento «de forma determinada e descomplexada» dos instrumentos de captação de investimento estrangeiro, como os “golden visa” ou o Regime de Residentes Não Habituais: «não é o momento de colocar o seu funcionamento em causa por questões políticas».

Por outro lado, a APR pede a simplificação dos licenciamentos turísticos e o cumprimento dos prazos e a revisão do IVA da construção nova para 6% pelo menos até à retoma.