Mercado de escritórios promete dinamismo no investimento no 2º semestre

«O ano de 2023 foi marcado por um contexto macroeconómico desafiante nas várias geografias europeias, o que acabou por influenciar o mercado de escritórios nacional, mais concretamente o mercado de investimento», atesta Frederico Leitão de Sousa, Head of Offices da Savills, em entrevista à Vida Imobiliária. O mercado de escritórios nacional fechou 2023 em quebra, tanto em Lisboa como no Porto. No ano passado, o segmento de escritórios registou um decréscimo de 59% em termos do volume de absorção face ao ano de 2022, um resultado em linha com a realidade de outros mercados europeus. Todavia, foi também um ano «marcado pelo dinamismo do segmento de escritórios que, mesmo em clima de incerteza, permaneceu atrativo e com um mercado ocupacional expressivo», denota o responsável. De acordo com os dados da Savills, no final de 2023, o mercado de escritórios de Lisboa somou um volume de absorção de 112.474 m² e o Porto registou um total de 50.048 m², «fator que demonstra a relevância dos espaços de escritórios no atual paradigma de trabalho», sublinha. Adicionalmente, verificou-se a subida da prime rent em 8% face a 2022, «o que comprova que este segmento do imobiliário permaneceu apelativo durante o ano», completa. Regresso ao escritório foi a grande tendência... De acordo com Frederico Leitão de Sousa, «a grande tendência do ano foi o regresso ao escritório, fenómeno que deu origem à expressão return to office». Por outro lado, verificou-se uma tendência de flight to quality por parte das empresas, «uma perspetiva fortemente influenciada por critérios de sustentabilidade e ESG, que se traduziu na procura de prime assets em localizações prime». ... já a escassez de oferta o principal desafio Quando falamos dos desafios que o mercado de escritórios nacional enfrentou em 2023, «é inevitável referir a escassez de oferta de qualidade que, a par com o sentimento de incerteza europeu, impactou diretamente os resultados obtidos», refere. Quanto aos principais fatores externos que influenciaram a queda no investimento neste segmento do imobiliário, o responsável destaca a subida das taxas de juro, produtos financeiros com rentabilidades mais atrativas e com menor risco e a adoção do conceito "work at home". “ Portugal continuará a figurar no radar internacional enquanto destino apelativo para investimento para diversos mercados, fator impulsionado pela chegada de empresas internacionais que apresentam planos de crescimento agressivo e necessidades de ocupação imediata” Este ano prevê-se, nomeadamente a partir do segundo semestre, uma «estabilização dos indicadores económicos e o aumento dos índices de confiança dos agentes, o que se traduzirá num maior dinamismo no investimento no segmento de escritórios a nível nacional». Prova disso mesmo é o expressivo pipeline destinado a Lisboa e Porto, diz o responsável pelo setor de escritórios da Savills, adiantando que «estima-se que a capital receba, nos próximos dois anos, um pipeline de cerca 280.000 m², já o Porto conta com um pipeline superior a 90.000 m², com projetos pautados pelo seu elevado grau de exigência. Estes projetos pretendem responder à atual escassez de espaços de escritórios de qualidade no país». Frederico Leitão de Sousa, Head of Offices da Savills. Tendências emergentes que vão influenciar o setor nos próximos anos Existem algumas tendências que marcaram a performance do segmento de escritórios em 2023 e que se irão manter futuramente, sendo uma delas a captação e retenção de talentos, «uma das grandes prioridades do tecido empresarial, por isso, os espaços de escritórios assumem um papel cada vez mais preponderante ao privilegiar a saúde e bem-estar das pessoas, a flexibilidade, regimes híbridos de trabalho e novas experiências», considera Frederico Leitão de Sousa. “Os smart buildings que primam pela eficiência de recursos utilizados e pela sustentabilidade, são também já uma tendência” Por outro lado, «as empresas que anteriormente procuravam espaços localizados na periferia das cidades, estão hoje a optar por ocupar escritórios nos centros urbanos, de dimensão reduzida, o que lhes permite usufruir de uma melhor localização ao mesmo tempo que adotam uma maior flexibilidade a par de modelos de trabalho híbridos». O responsável completa dizendo que «o conceito de flex offices tem registado um percurso bastante positivo em Portugal. Em 2023, apesar do take-up dos espaços de cowork por operadores registar um decréscimo, continua a existir procura, sendo esta uma tendência que veio para ficar, uma vez que as empresas procuram hoje uma gama de serviços integrados que esta tipologia de espaços poderá oferecer».

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