Oferta de coliving em Portugal multiplica por dez até 2021

Oferta de coliving em Portugal multiplica por dez até 2021

Os números são novos e constam no estudo produzido pela consultora em parceria com a JOYN, e apresentado esta quinta-feira e que dá a conhecer alguns dados inéditos sobre o estado do coliving em Portugal. Focando-se apenas em projetos de Purposed Built CoLiving (PBCL), que é como quem diz, pensados e desenvolvidos de raiz para este efeito.

«No último ano, registamos mais de 200 milhões de euros em transações de residências de estudantes, e estamos certos que dentro de um par de anos também estaremos aqui a falar de grandes transações de coliving», começou por dizer o managing director da JLL, Pedro Lancastre.

A questão, notou Maria Empis, Head of Head of Strategic Consultancy & Research, é que «há um novo normal, que advém dos Millennialls e da Geração Z; dando origem a muito mais baseada na economia da partilha e na experiência, do que na posse. Tudo isto se está a repercutir no imobiliário, com vários setores alternativos a nascerem e a dar origem a toda uma nova geração de produtos, entre os quais o coliving».

Mais mobilidade, o aumento da urbanização, com um número crescente de pessoas a mudar para as cidades, a maior flexibilização do mercado de trabalho, o sentimento de comunidade e de partilha são, diz ainda Maria Empis, são alguns «dos principais pressupostos na base do coliving, que é um modelo que permite não só uma maior gestão de espaço mas também combater o isolamento».

De acordo com o estudo, o mercado europeu de Coliving contabiliza atualmente 23.500 camas entre projetos já construídos ou em desenvolvimento, sendo que 60% dos projetos em funcionamento ficou operacional nos últimos dois anos, o que comprova o rápido crescimento deste segmento e a sua atratividade para o investimento.

 

Mais de 500 camas em pipeline para Lisboa

Para este estudo, foi ainda levado a cabo um inquérito cujos resultados permitiram à JLL traçar um cenário do atual estado do setor de Purposed Built CoLiving em Portugal, que conta já com duas unidades em operação na cidade de Lisboa, num total aproximado de 50 camas. São estes o SameSame, localizado na Baixa e que conta com 15 suítes com preços entre os €870 e os €1.363, e o Outsite, no Cais de Sodré, com 25 quartos e com preços entre os €920 e os €1.564 euros.

A estas somam-se outras mais de 500 camas em pipeline com conclusão prevista para os próximos dois anos em Lisboa, distribuídos por três projetos já confirmados. São estes: o SmartStudio já em construção na zona de Santa Apolónia (114 quartos), o futuro projeto que integrará o Hub Criativo do Beato (120 camas) e um terceiro projeto atualmente em desenvolvimento e que está a ser acompanhado pela JLL e que, segundo revelou Pedro Lancastre, injetará outras 300 camas de coliving, e será servido por mais de 2.000 m² de áreas comuns. Sem avançar mais pormenores, o responsável da JLL adiantou ainda que este resulta de uma parceria entre investidores portugueses e estrangeiros será um dos maiores complexos do género a nascer em Lisboa, e que irá ainda integrar uma componente de coworking, tendo capacidade mais 1.000 postos de trabalho.

O Porto também não fica de fora desta onda, tendo já confirmado um novo projeto nestes moldes: o B-Hive Studio, que integrará 40 camas e deverá ficar concluído dentro nos próximos dois anos.

Além destes, adiantou Maria Empis, «temos também conhecimento que quer a Câmara do Porto quer a Câmara de Cascais estão a preparar projetos de coliving que esperam lançar no próximo ano. E sabemos também de vários outros investimento previstos para zonas tradicionalmente ligadas ao surf, como a Ericeira e a Costa Alentejana, para as quais estão a ser pensados projetos de purposed built coliving direcionados para profissionais ligados ao surf».

De acordo com os números apresentados neste estudo, estima-se que a procura potencial para este tipo de habitação partilhada possa atingir entre 16.000 a 18.000 camas em Lisboa e no Porto, ou seja, ultrapassando mais de 25 vezes o atual pipeline.

«Hoje há mais formas de viver e o mercado imobiliário tem de se adaptar a esta nova realidade, oferecendo um leque mais abrangente de produtos e serviços. É neste contexto que surge o coliving que é, como nos mostra este estudo, uma tendência que veio para ficar em Portugal. Além de que, a emergência deste tipo de produto assume hoje também uma grande importância para continuar a reforçar a capacidade de atração do nosso país junto de empresas e empreendedores de todo o globo», concluiu Maria Empis.