«Sem privados não se resolve o problema habitacional do Porto» (atual.)

«Sem privados não se resolve o problema habitacional do Porto» (atual.)

«O Porto não está interessado em aumentar desmesuradamente a sua oferta de habitação social, mas está empenhado em começar a criar um mercado público destinado à classe média», afirmou o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, convidado do primeiro Pequeno-Almoço do Imobiliário, no dia 17 de julho. «A área disponível para a promoção de nova habitação pública na cidade é inferior a 1% da superfície do Porto» o que significa apenas que «sem privados não se resolve o problema habitacional do Porto».

Sob a alçada da nova política pública de habitação acessível da cidade, o município tem em curso o projeto do Monte Pedral, na Rua da Constituição, e que trará à cidade 370 novos fogos, dos quais 250 em regime de renda acessível; o projeto do Monte da Bela, em Campanhã, com 230 novos fogos, dos quais 150 em regime de renda acessível; e o projeto para os terrenos de Lordelo do Ouro, com 170 novos fogos. São projetos partilhados com privados, sendo o projeto para os terrenos de Lordelo do Ouro o único promovido com investimento exclusivamente público.

Recorrendo aos números da Confidencial Imobiliário, Pedro Baganha, recordou que «apesar do preço de venda das casas em Portugal (continental) ter aumentado 15,4%, em dezembro de 2018, face a igual mês do ano anterior, os preços das casas em Portugal terminaram 2018 no mesmo nível que estariam se a partir de 2007 tivessem evoluído ao ritmo da inflação, em vez de terem descido com a crise». Tal significa que «em 2018 a subida dos preços das casas acabou por recuperar o efeito da inflação sentida desde 2008». E acrescentou que é necessário atender ao impacto dos Centros Históricos na evolução dos preços. Por exemplo, «o Porto, sem Centro Histórico, está 14,6% abaixo de 2007».

São números que comprovam que «os preços da habitação no país apenas recuperaram da crise financeira», disse reconhecendo, contudo que «essa recuperação dos preços é muito heterogénea entre cidades, e entre áreas da cidade». A preocupação do vereador direciona-se para o mercado de arrendamento nacional e portuense que «enfrenta o perigo de uma retração da oferta devido à instabilidade percecionada pelos potenciais investidores, o que vai continuar a fazer subir os preços».

 

«Porto atravessa um momento ímpar no mercado residencial»

 

De acordo com o estudo a 'Acessibilidade à habitação em Portugal', desenvolvido pela Century 21 e a Confidencial Imobiliário, na cidade do Porto, o preço das casas ascende a 1.830 euros por metro quadrado, acima da média da região (1.178 euros por metro quadrado) e distante de Lisboa onde o preço se cifra nos 3.394 euros por metro quadrado. Nas rendas, o valor praticado é de 9 euros por metro quadrado, valor apenas superado por Lisboa, Cascais e Oeiras. O rendimento médio das famílias é de 1.622 euros por mês, o sexto rendimento mais elevado a nível nacional e líder na região.

«Com uma taxa de esforço de 33%, as famílias dispõem de 535 euros para acesso à habitação, o que lhes permitiria adquirir uma casa de 80 m² ou arrendar apenas 55 metros quadrados», resumiu Ricardo Guimarães.

Para aceder a uma casa de 90 metros quadrados, uma família que opte por comprar assume um encargo de 564 euros mensais, o que representa uma taxa de esforço de 35%. Caso opte por arrendar, terá de pagar 810 metros quadrados, num esforço de 50%.

 

«Falta um mercado profissional de arrendamento»

 

Para Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, «o grande desafio é enfrentado em Lisboa. À exceção de Lisboa, não há um problema de habitação. Há sim falta de um mercado profissional de arrendamento».

Depois do Porto Innovation Hub, espaço anfitrião deste evento, segue-se o Fórum Braga, a 24 de julho, com a presença do presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, e a apresentação pública do estudo CENTURY 21 Portugal / Confidencial Imobiliário - Acessibilidade à habitação em Portugal.

Os Pequenos-Almoços do Imobiliário são organizados pela Vida Imobiliário e pelo Jornal Público Imobiliário, com o apoio da Century 21 e da Confidencial Imobiliário, em parceria com as autarquias de Braga, Porto, Aveiro, Sintra, Seixal e Portimão.

 

Notícia atualizada às 10h00, do dia 26-07-2019, após a publicação do Estudo 'Acessibilidade à Habitação em Portugal'.