Fundamentais do imobiliário ibérico são chave para atrair investimento

Fundamentais do imobiliário ibérico são chave para atrair investimento

É certo que hoje há uma elevada liquidez no mercado internacional. Mas importa agora saber onde e quando será este capital alocado. Os especialistas reunidos esta sexta-feira na sessão “Market Snapshot: Investing in Iberia”, emitida online no evento Real.X Global, acreditam que há boas razões para os investidores olharem para Portugal e Espanha como destinos de investimento. Os «bons» fundamentais do mercado imobiliário ibérico é um dos motivos que reúne consenso.

O imobiliário tem-se revelado a melhor das alternativas para investir no longo prazo e para Manuel Puerta da Costa, membro da APFIPP, Portugal apresenta mesmo um conjunto de fatores que lhe são favoráveis, como é o caso do «alto retorno do investimento no mercado imobiliário», a par do «controlo da dívida pública, da força dos recursos humanos, da mobilidade e das suas fortes infraestruturas». Também «Espanha continua [a ser um país] muito interessante no mercado imobiliário», sublinha Paula León, Investor Relations na SAREB, que salienta ainda que os seus «fundamentais fortes são um ponto chave para os investidores» olharem para o país. Mas há outros motivos que colocam a Ibéria no mapa dos atores internacionais. Na ocasião, Roger Cooke, presidente do RICS Spain, acrescenta ainda que «o mercado ibérico reagiu muito rápido à crise e levou a cabo negociações com agilidade», o que o favorece do ponto de vista internacional.

 

Incerteza continua a levantar questões…

Ainda que os indicadores de mercado deem bons motivos para colocar Portugal e Espanha no radar dos investidores, há ainda a incerteza dos efeitos de uma segunda onda da pandemia e, por isso, são várias as questões que se levantam para os especialistas.

Manuel Puerta da Costa tem dúvidas sobre quando irá este capital ser alocado aos países. Roger Cooke salienta que neste momento «é muito difícil planear o futuro», sobretudo porque há a «incerteza sobre a possibilidade de haver futuros confinamentos que têm impactos nos negócios». Para Paula León «a grande questão é: qual é o preço dos ativos?». Na sua perspetiva, «ainda não temos a resposta a esta questão». E, depois, há aquele que para o presidente do RICS Espanha é «o maior dos desafios para os Governos e para o imobiliário: a recuperação do emprego», que se traduz não só na manutenção dos existentes, mas também na criação de novos.

 

Setores reagem de forma diferente

Os novos investimentos no mercado imobiliário também em muito vão depender da forma como os diferentes sectores vão reagir à crise.

Sobre este ponto, Roger Cooke salienta na ocasião que mesmo dentro dos setores verificam-se reações bastante diferentes aos efeitos da pandemia. «Nos hotéis e nos restaurantes há uma reação diferentes consoante as localizações e os tipos de cliente. Alguns tiveram uma boa atividade no verão enquanto para outros o negócio foi um desastre», explica, exemplificando que, na sua perspetiva, «os restaurantes fast food e os restaurantes de gama alta tiveram uma melhor performance do que os de nível médio, provavelmente devido aos preços praticados e por não terem clientes habituais».

Também os centros comerciais registaram diferentes velocidades de recuperação da atividade consoante a localização, salienta Eduardo Ceballos, presidente da AECC, que explica ainda que os centros comerciais situados em destinos turísticos foram mais afetados nos meses de verão. Para atenuar os efeitos da crise no retalho, Eduardo Cebalhos reforça que são várias as estratégias que estão a ser implementadas, como é o caso das «medidas de segurança que dão confiança aos consumidores e das negociações rápidas entre os proprietários e inquilinos». A exploração de novas atividades de lazer nos centros comerciais e a aposta numa maior integração entre o online e o offline são estratégias também adotadas para preparar o futuro do setor, que, por outro lado, será marcado pelo «interesse crescente em atividades essenciais, como os supermercados», acrescenta.

Entre os setores que poderão concentrar «oportunidades interessantes» de investimento está a logística, as residências de estudantes e ainda o desenvolvimento de habitações para arrendar, sublinha na ocasião a representante da SAREB.

 

Investimento cai, mas negócios continuam

É certo que o investimento imobiliário ibérico abrandou no segundo trimestre (-40% do que no período homólogo). Mas o bom arranque no início do ano compensou o tombo e, contas feitas, o saldo final do primeiro semestre revelou-se positivo, traduzindo-se em 6,65 mil milhões de euros (+15% do que no ano passado). Os dados foram revelados por António Gil Machado, diretor da Iberian Property, que sublinha ainda a evidência de que os negócios em Portugal e Espanha continuam.

Também Paula Leon refere na ocasião que, apesar de os fundamentais do mercado imobiliário permanecerem, haverá novas «oportunidades no mercado nos próximos 18 meses». E avança ainda que dentro de dois anos espera-se a «entrada de novos atores no mercado».