Hotelaria e retalho são “estrela” em ano atípico para o investimento

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De acordo com o balanço da CBRE, o investimento em imobiliário comercial, ou de rendimento, ascendeu a 1.600 milhões de euros no ano passado, uma descida de 52% face ao ano anterior, que está em linha com outros países europeus, como Espanha, França ou Alemanha. No total do ano, foram fechados 94 negócios de investimento imobiliário, 60% abaixo de 2022.  

Francisco Horta e Costa, Managing Director da CBRE Portugal, aponta que «2023 foi de facto um ano atípico e de acentuado recuo face ao ano anterior. Com o objetivo de controlar a inflação, as taxas de juro registaram um aumento acelerado, trazendo bastante incerteza a nível de pricing dos ativos e deixando os investidores mais cautelosos».

«2023 foi de facto um ano atípico e de acentuado recuo face ao ano anterior»

A hotelaria e o retalho destacaram-se por terem atraído 1.142 milhões de euros, num aumento de 73% das transações. São os “setores estrela” do ano, segundo a consultora, com 39% e 34% do volume total de investimento, respetivamente. Seguem-se os escritórios, com apenas 10%, as residências de estudantes, com 7%, e os setores de industrial e residencial, com 5% e 1%, respetivamente.

Este investimento foi feito essencialmente nas regiões de Lisboa (26%), Porto (17%) e Algarve (20%), este último devido ao grande dinamismo do setor da hotelaria. A CBRE esteve envolvida no equivalente a 72% deste volume de investimento e em 9 das 10 maiores transações do ano, num total de 855 milhões de euros. No “top 3” das maiores operações estão a aquisição dos hotéis Dom Pedro pela Arrow Global, a venda do portefólio Amália - 150 supermercados - à LCN Capital Partners e a transação do resort algarvio Palmares Ocean Living & Golf, vendido pela King Street Capital e Kronos também à Arrow Global.

Do lado da ocupação, a CBRE destaca as descidas significativas do take-up no setor dos escritórios, de 68% em Lisboa e de 15% no Porto, ressalvando que os 88.000 e 49.500 metros quadrados registados em 2023 «comparam com um ano 2022 extraordinário». A renda prime subiu dois euros em Lisboa e um euro no Porto, mantendo-se nos 28 euros por metro quadrado e 19 euros por metro quadrado, respetivamente, prevendo-se, contudo, uma estabilização em 2024.

No que toca a logística, foram absorvidos 295.000 metros quadrados até novembro, menos 29% face ao registado em 2022. Uma dinâmica interessante e elevada procura que se mantém, a par de «uma enorme falta de oferta de qualidade, a qual se espera que chegue a mercado em 2024, provocando um aumento relevante na absorção de espaço».

Na perspetiva da consultora, 2024 será ainda um ano instável para o mercado do investimento imobiliário, mas este primeiro semestre pode trazer já alguma recuperação, devido à entrada no mercado de vários portfólios relevantes.  

Por outro lado, a boa performance da hotelaria deverá manter-se este ano: «o retalho e a hotelaria serão de novo em 2024 setores de destaque pela sua performance positiva e sólida mas também prevemos que a procura por produtos alternativos como as residências de estudantes e healthcare continue a aumentar».

«Na CBRE Portugal sabemos que em contextos de maior instabilidade e incerteza a nossa equipa tem que ser ainda mais criativa, demonstrando a capacidade de pensar em operações e oportunidades de valor acrescentado para os nossos clientes, fora dos setores tradicionais», reforça Francisco Horta e Costa. «Em 2023, a título de exemplo, assessorámos o processo de venda da holding que detinha o Altice Arena, Ritmos & Blues, à gigante do espetáculo norte americana Live Nation. Também no segmento de student housing estivemos envolvidos na maior transação do ano, assessorando a venda da residência de estudantes Milestone Olaias. Estes exemplos comprovam que o setor está em constante mutação, mas que o nosso país continua bem posicionado para atrair investimento estrangeiro», conclui.