Investimento em NPLs vai continuar atrativo em 2020

Investimento em NPLs vai continuar atrativo em 2020

Este foi o tema de destaque da conferência “NPL Iberia – An international meeting of the iberian distressed debt market”, organizada pela Smith Novak, que se realizou em Madrid a 28 e 29 de novembro.

No decorrer do painel “Focus on Portugal”, José Araújo, Real Estate Director do Millennium bcp, destacou que o mercado português vai continuar a atrair as atenções dos investidores, pois «continuam a existir muitas e boas oportunidades para diferentes segmentos e tipos de imóveis», especificando «terrenos para a classe média nos arredores das cidades, armazéns para logística, ou terrenos para novos serviços e escritórios».

Relativamente ao surgimento de novas carteiras, José Araújo acredita que «face aos rácios dos bancos nacionais elevados (8,9% em junho de 2019), segundo os dados da Deloitte), e sua necessidade de cumprir planos acordados com as autoridades, por certo vão continuar a aparecer carteiras mais granulares, de menor dimensão e com menos imoveis habitacionais».

Volkert Schmidt, CEO Novo Banco RE, afirmou que «este evento voltou a mostrar o bom momento que vive o mercado de NPLs e REOs na Península Ibérica. Foi oportunidade de discussão entre os principais players deste setor de atividade, que reforçam o seu interesse em Portugal para o próximo ano, tanto do lado da banca como do lado dos investidores – 2020 será novamente um bom ano que ajudará a melhorar os rácios de NPL na banca».

Este responsável nota que «existem hoje investimentos cada vez menos oportunistas, o que mostra que o setor entra num período de maior maturidade, o que permite aos vendedores minimizar as suas perdas, e aos compradores manter os seus retornos».

Hugo Santos Ferreira, vice-presidente executivo da APPII, afirmou que «mantém-se o grande apetite dos investidores neste mercado. O rácio da banca tem descido com a venda desses ativos e os bancos continuam o seu trabalho de desinvestimento». O mercado regista hoje mais profissionalismo, o que é positivo e, a par da “financeirização” do imobiliário, «tem ajudado a que grandes carteiras de NPL possam ser colocadas mais facilmente no mercado junto de investidores internacionais».

«Os grandes desafios estão bem identificados», acredita o responsável da APPII, identificando a questão do licenciamento camarário ou a «inexistência de um mercado de arrendamento» que, se fosse mais sólido e dinâmico, «permitiria ter mais confiança e ajudaria à colocação de muitos ativos».

Uma das questões destacadas nesta discussão foi o surgimento de novas ferramentas de venda de grandes portfólios de NPL, o que permite agilizar os processos. Volkert Schmidt destacou que «o desenvolvimento que se observa nos prestadores de serviços, nomeadamente ao nível da evolução das suas infraestruturas de IT e da melhoria dos seus processos, permite aos investidores serem mais precisos e mais eficientes nos seus negócios. Isto permite aumentar os preços dos portfólios e minimizar as perdas das entidades de crédito».

Neste painel de debate participaram também Susana Bento, Senior Manager da Deloitte, Jorge Neta, Managing Associate da SPS Advogados, e Pedro Ferreira, Partner da Uría Menéndez, que foi moderador da discussão.