Lisboa com grande potencial de desenvolvimento de residências de estudantes

Lisboa com grande potencial de desenvolvimento de residências de estudantes

Nos próximos 5 anos, a procura por soluções residenciais para estudantes deverá aumentar na Europa, e Lisboa tem grande potencial de expansão deste mercado.

É o que conclui a Savills na sua análise “European Student Housing: Forever Young”, segundo a qual o crescimento do segmento das residências de estudantes, nomeadamente das PBSA – “purpose built student accomodation”, está a ser impulsionado pelo crescimento da população estudantil.

Entre os anos letivos 2019/2020 e 2020/2021, a população estudantil registou um crescimento médio anual de 2,4% em Portugal, Suécia, Dinamarca, Itália, Países Baixos, França, Alemanha, Espanha, Polónia, República Checa e Reino Unido. Entre os anos letivos 2018/2019 e 2019/2020, havia sido observado um decréscimo de 1,2%. O número total de indivíduos com idades entre os 20 e os 29 anos nas cidades em que se encontram as maiores concentrações de instituições de ensino tem vindo a aumentar desde 2017, depois de mais de 10 anos de diminuição.

As previsões da Savills apontam para um aumento de cerca de 1% da população total de indivíduos entre os 20 e 29 anos nos próximos 5 anos em Lisboa, face ao decréscimo de mais de 1% observado na capital entre 2010 e 2020. No Porto, espera-se uma diminuição de cerca de 0,5% desse segmento demográfico, pelo que a cidade de Lisboa deverá figurar como uma das localizações mais atrativas para o desenvolvimento de projetos no setor PBSA.

Alexandra Gomes, Head of Research da Savills Portugal, refere que «no ano académico de 2020-2021, Portugal registou um total de 411 995 alunos, dos quais 14% são alunos internacionais. Com uma taxa de crescimento média de 10% nos últimos de 5 anos e uma oferta ainda escassa, Portugal apresenta-se como um dos mercados com maior potencial de desenvolvimento de projetos PBSA. Com uma estimativa de 150.600 estudantes deslocados nas principais cidades universitárias (Lisboa, Porto e Coimbra) e, aproximadamente, 5.400 camas em alojamento universitário, a oferta existente só pode satisfazer 3,5% da procura».

Falta de oferta vai pressionar rendas

Prevê-se nos próximos anos uma pressão sobre o valor de arrendamento em localizações em que a oferta de PBSA seja limitada, como Lisboa, Roma, Milão ou Valência

Segundo a consultora, «apesar de existir um volume significativo de projetos em pipeline em todas as cidades europeias, a Savills estima que tal não será suficiente para dar resposta à procura que ficou em suspenso devido ao contexto pandémico». Lydia Brissy, Director of European Research da Savills, prevê que «o desequilíbrio entre procura e oferta se venha a exacerbar ao longo dos próximos 12 meses».

Mercado transacional é ainda “insipiente” em Portugal

Sobre o investimento, Horacio Blum, Operational Capital Markets Associate Director da Savills Portugal, explica que «o mercado transacional em PBSA em Portugal é ainda bastante incipiente, baseado na sua maioria em operações de land development pelos operadores internacionais, e ultimamente de forward-funding e forward-purchase».

«Com o aumento de projetos em pipeline, especialmente concentrados nas cidades de Lisboa e Porto, mas que se estendem agora também a novos mercados universitários como Coimbra, Braga, Aveiro, Évora e Covilhã, muito por culpa de novos promotores no mercado português ou como resultado de planos de expansão de operadores já em funcionamento, esperamos assistir a uma maior dinâmica e afirmação deste segmento alternativo no mercado investimento comercial português», completa o responsável.

Marcus Roberts, Head of Europe, Operational Capital Markets da Savills, refere que «no final de 2022, esperamos ver uma nova vaga de transações de portfólio, à medida que a primeira geração de promotores e operadores estiveram prontos para vender os seus ativos e saírem. Prevemos que os volumes no final de 2021 cheguem aos 8,4 mil milhões de euros e que os volumes de 2022 estejam em linha com o nível recorde de 2019 (perto de 9,5 mil milhões de euros)».