“Portugal nunca terá bolha imobiliária”, diz António Ramalho

O Portugal Real Estate Summit contou com a presença de 420 investidores no Hotel Palácio Estoril.
António Ramalho discursa perante sala cheia no 1º dia do Portugal Real Estate Summit.

No primeiro ciclo de conferências do Portugal Real Estate Summit, a intervenção do economista António Ramalho incitou reflexões sobre o atual mercado imobiliário português. Depois de um programa de ajustamento difícil – Troika – criou-se, em primeiro lugar, «um regresso muito rápido à normalidade e, também, uma forte disciplina orçamental alicerçada num crescimento baseado em serviços, nomeadamente no turismo», aponta o ex-CEO do Novobanco.

“Estamos num momento em que se inicia um processo de crescimento sustentável”

O gestor argumenta que «a situação em Portugal melhorou muito nos últimos 10 anos, e, se olharmos com atenção, os últimos números são os mais importantes», a título de exemplo, «sustentámos um certo nível de emprego, iniciámos um processo de crescimento do PIB após a crise pandémica e fomos capazes de colocar a redução da dívida pública na lista de propriedades».

Neste período, António Ramalho refere que «resolvemos três pontos principais» da economia portuguesa: a tendência para a redução da dívida pública, o nível de desemprego e a capacidade de sustentação da economia em tempos difíceis por parte do sistema financeiro.

O Portugal Real Estate Summit contou com a presença de 420 investidores no Hotel Palácio Estoril.
O Portugal Real Estate Summit contou com a presença de 420 investidores no Hotel Palácio Estoril.

Nível dos depósitos das famílias continua estável

«O nível de depósitos continua a crescer a um ritmo constante e estável, sendo que o nível dos depósitos das famílias continua estável», sublinha o economista, acrescentando que o «nível de NPLs continua a estar em linha com as tendências (de descida), 1,1% do total dos empréstimos dos bancos».

“Setor imobiliário português é um mercado muito maduro que está a ser afetado pela falta de oferta”

Segundo António Ramalho, o preço da habitação cresce em Portugal «suportado por duas vertentes»: a falta de oferta, pois «não fomos capazes de construir e investir depois da crise», e porque há uma «forte procura doméstica e estrangeira – 10%, mas no fim de contas isto impulsionou os preços em alta, não foram só as transações que aumentaram», enfatiza o economista.

O rácio de novas casas também «está a reduzir drasticamente, pois o nível de construção não é suficiente para tudo o que a procura implica», como também a «oferta de habitação está a reduzir e os preços estão a subir até um certo nível que é, na opinião pública, impossível para a grande maioria», frisa.

“Nunca vamos ter uma bolha imobiliária em Portugal”

António Ramalho reitera que, apesar do que muitos dizem, «nunca vamos ter uma bolha imobiliária em Portugal». O «crescimento dos preços da habitação está a ser moderado, com efeitos de base adversos e condições financeiras mais rigorosas, a procura permanece resiliente, mas as transações estão a diminuir», sublinha.

Por conta de Portugal ser «um país periférico, o mercado local sofre com os investimentos estrangeiros em termos de valor e de preço, mas sobretudo em termos de volatilidade dos preços», afirma o ex-CEO do Novobanco, acrescentando que «ao contrário de outros destinos periféricos, Portugal continua a ser um mercado de baixo-risco devido à sua importância local».

O economista conclui a sua intervenção dizendo que «a situação não é a melhor» e que «não posso dizer que Portugal é o mercado mais seguro em termos de investimento imobiliário, mas certamente é um dos melhores».