RICS: Investidores em imobiliário comercial estão atentos a Portugal

RICS: Investidores em imobiliário comercial estão atentos a Portugal

 

O mercado imobiliário comercial em Portugal atingiu, em 2018, o valor recorde de mais de três mil milhões de euros e fechou o ano posicionado entre os países da Europa com o maior aumento trimestral na procura por investimento em imobiliário comercial de toda a área do euro. São resultados que animam o mercado e que contrariam a apreensão que paira sobre a maioria dos países europeus, conclui o Iberian Commercial Property Monitor, do RICS.

Contudo, «existem alguns riscos no futuro», referiu Francisco Rocha Antunes, presidente da direção do RICS, que falava durante a apresentação deste relatório, no dia 25 de janeiro, no Porto. Os elevados níveis de endividamento que ainda persistem em Espanha e em Portugal, preocupam o especialista que nota que «a desalavancagem permanecerá a favor do vento, e ambas as economias estão vulneráveis a potenciais choques financeiros futuros» disse, acrescentando que «qualquer nova escalada das tensões comerciais globais ou o Brexit têm o potencial de criar um clima económico menos favorável que afete, transversalmente, toda a zona do euro».

 

Lisboa «uma estrela» entre os destinos de investimento europeus

 

A Madrid e a Barcelona, destinos de investimento consolidado, junta-se Lisboa «a estrela europeia no mercado de retalho», comentou Francisco Rocha Antunes, explicando que «em Lisboa, os melhores mercados de escritórios e de retalho apresentam as melhores expectativas».

Ainda sem fazer parte deste barómetro, elaborado pelo RICS, está o Porto que, no entanto, tem registado um evidente crescimento do mercado imobiliário, nos vários segmentos.

A par dos setores hoteleiros e residencial, também os escritórios estão em destaque na Invicta. «A taxa de desocupação de escritórios no Grande Porto reduziu 4%, em 2018, para 7,3%. E dos mais de 170.000 m2 de nova oferta em pipeline, cerca de metade já estão total ou parcialmente ocupados» comentou, na ocasião, Filipe Lopes, da Cushman & Wakefield. Esta dinâmica de procura e oferta «espelha a enorme capacidade de atrair investidores, nacionais e estrangeiros», comentou Ricardo Valente, vereador do pelouro da Economia, Turismo e Comércio, da Câmara Municipal do Porto.

A fechar a apresentação do Iberian Commercial Property Monitor, a mesa de debate participada por António Gil Machado, diretor da Vida Imobiliária e da Iberian Property, Rui Ávila, do Grupo Ferreira, Paulo Silva, da Savillis, e Filipe Lopes, da C&W, ficou marcada por um sentimento de otimismo, ainda que com cautela. São esperados, em 2019, mais investidores, atraídos pelos preços e pelas yields, contudo «somos influenciados pelo que vem de fora, o investimento em Portugal é maioritariamente estrangeiro, e se este investimento é abalado sentiremos essas repercussões», referiu Paulo Silva.