“Temos muito mais a fazer” pelo turismo residencial

“Temos muito mais a fazer” pelo turismo residencial

A governante falava no âmbito da conferência SIL Turismo Residencial, organizada pela Associação Portuguesa de Resorts na última sexta-feira. Por via online, quis passar «uma mensagem de esperança», e partilhou que «até ao momento foram “ventilados” para o setor do turismo cerca de 1.400 milhões de euros», e que «há novos instrumentos para preservação dos postos de trabalho, mais um avanço para nos protegermos face aos meses duros que se avizinham». É, garante, «um sinal claro de que vamos continuar a olhar atentamente para a situação».

Segundo Rita Marques, «o registo terá de ser o mesmo» no turismo residencial. «Há bons sinais de esforço das entidades públicas para que o setor possa ter a sua recuperação, com nova regulamentação ou apoios, mas há temas que ainda não estão devidamente enquadrados».

O que é certo é que «temos, dentro das nossas limitações, de assegurar a nova normalidade. O esforço de todos é enorme, e só fará sentido se continuarmos a organizar eventos como este, se mantivermos as nossas portas abertas. O turismo residencial em Portugal está numa fase menos positiva, mas temos de estar prontos para quando os mercados abrirem». No âmbito desta retoma, «assume importância a retoma da operação aérea. Temos vindo a trabalhar com os operadores para garantir esta retoma», garante.

Rui Meneses Ferreira, Presidente da APR, afirmou durante esta conferência que «temos mantido reuniões periódicas de um grupo de trabalho com o Governo», com a certeza de que «a recuperação não se fará sem políticas públicas e investimento privado». Pede que os governantes «olhem para o turismo residencial e sejam capazes de criar políticas incentivadoras da retoma económica».

Falando em adaptação, referiu que «podemos continuar a fazer o que fazíamos antes de março de forma diferente. Podemos manter as nossas vidas ativas, é um ensinamento que todos devemos ter hoje, e é com essa esperança que continuamos o nosso trabalho», dando o exemplo da realização do SIL, que considera «um ato de coragem».

Na sua intervenção nesta conferência, Francisco Calheiros, Presidente da Confederação do Turismo de Portugal, aplaudiu a manutenção do lay-off simplificado, mas acredita que «é preciso ir mais além. As medidas do PEES têm de ser ágeis, efetivas e plenamente executadas. O contributo da atividade turística para a economia nacional é inquestionável. Há muitos desafios no horizonte para esta atividade, como as restrições ao tráfico aéreo, instabilidade fiscal, brexit. Impõe-se um modelo de desenvolvimento para o turismo residencial que integre as alterações que a pandemia nos trouxe». Está convicto de que «terá de ser sempre um esforço conjunto do setor público e privado».

 

Resorts são uma “corrida de fundo” e vão continuar atrativos

Patrícia Liz, CEO da Savills Portugal, garante que «Portugal não vai deixar de estar no radar do investimento internacional», e que os resorts «podem ser uma oportunidade para oferecer mais e constituir um value added para quem está a investir». Mas «há que olhar para as tendências globais», nomeadamente do mercado residencial, para ajustar a oferta.

Partilhando alguns dados de mercado, Ricardo Guimarães, diretor da Ci, afirmou que «os números não são positivos nesta altura, o mercado está a sentir o impacto da dificuldade de retenção da procura internacional», mas está convicto de que «os resorts são uma corrida de fundo», e que este tipo de ativo pode ser «uma certeza para o futuro», numa altura em que «os operadores estão muito mais preparados. Esta indústria é muito madura em termos de procura internacional, nomeadamente o Algarve», e isso joga a favor do turismo residencial.

Eduardo Abreu, Partner da Neoturis, destaca que será necessário «adaptar os produtos numa perspetiva de dar resposta ao investidor que quer rendimento a longo prazo, mas também para o seu usufruto. Para isso, é preciso serviço de qualidade, segurança do promotor, tudo o que um resort integrado consegue dotar a oferta». Apela a que a banca faça «uma análise cuidada» dos projetos turísticos, tendo em conta as caraterísticas de cada região.

Reinaldo Teixeira, CEO da Garvetur, defende a importância de «continuar a captar investimento para o nosso país», lembrando que «os nossos proprietários são pagadores e promotores do nosso destino, não nos podemos esquecer disso». E considera que «acabar com os “golden visa” não é uma medida feliz».

Luís Correia da Silva, Presidente da Direção do CNIG, lembra também que «estes clientes são os melhores promotores e embaixadores dos países onde investem. Cada um devia ser particularmente bem recebido e bem acolhido. Temos de atrair estes investidores e mante-los em Portugal».