Restrições da Alemanha e Inglaterra suspendem retoma da hotelaria

Restrições da Alemanha e Inglaterra suspendem retoma da hotelaria

Com o anúncio das novas restrições do Reino Unido e da Alemanha aos viajantes que voltem de Portugal, «a retoma do turismo abortou», considera o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Raul Martins.

A hotelaria tinha perspetivas de retoma do setor a partir desta época alta do verão, mas os novos constrangimentos que obrigam os viajantes a quarentena se regressarem de Portugal veio mudar tudo: «este será um ano negativo ou com resultado zero, quando esperávamos que ele fosse já positivo».

O responsável falava na sequência da divulgação do inquérito “Perspetivas verão 2021” realizado pela AHP junto dos seus associados ainda antes de anunciadas estas novas medidas de dois dos principais mercados emissores.

A hotelaria registava, segundo este inquérito, uma média de reservas de 45% em época alta. Mais de metade dos inquilinos dizem que 80% a 100% destas reservas são reembolsáveis. Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da AHP, considera que a hotelaria enfrenta «um prejuízo gravíssimo nesta época alta, contávamos com o mercado alemão e inglês. Pior que isto, nem sei o que poderíamos imaginar. Não sei como vai ser pior».

Em junho, a taxa de ocupação média nacional fixava-se nos 48%, 32% em Lisboa e 60% no Algarve. No entanto, menos unidades hoteleiras estavam fechadas do que em junho do ano passado. A tendência era que mais unidades abrissem ao longo do verão.

Neste momento, as principais ameaças ao setor da hotelaria são as restrições do transporte aéreo (40%), o medo de ser infetado com a Covid-19 (26%) e a incerteza e desconhecimento das regras no local de destino de férias (25%)

A AHP destaca também as dificuldades do setor na contratação de recursos humanos, apontada por 64% dos inquiridos, nomeadamente porque muitos dos funcionários se mudaram para outras zonas do país, ou estão a receber subsídio de desemprego.

Agora, a AHP considera que há que operacionalizar os apoios já existentes e aumentar as suas verbas para responder às necessidades do setor. Raul Martins alerta que «os apoios não estão disponíveis. Têm de ser definidos os critérios que vão permitir ao Banco de Fomento apoiar. O que para nós é urgente é que essa definição exista», cita o Negócios. A expectativa é que seja possível fazer este trabalho até 15 de julho e que seja aplicado desde logo.