Mudanças no comportamento do consumidor “trazem novos desafios”

A conferência "APCC Summit - NextGen Retail Ecosystem", que decorreu a 11 de outubro, debateu os principais temas da atualidade do setor do retalho organizado e dos centros comerciais.No período da manhã, após o primeiro painel da conferência, Carl Boutet, Business Strategist & Executive Advisor, partilhou a sua visão sobre a corrida para a relevância no setor do retalho, num período de grande aceleração e desenvolvimento da sociedade a nível global. «Como vamos construir um ecossistema mais resiliente e negócios mais resilientes? O que podemos fazer para estar mais bem preparados?», foram algumas das questões centrais ao longo da apresentação.Face à mudanças nos comportamentos dos consumidores, Carl Boutet sugere «criar ecossistemas que envolvam comunidades e ajudem os seus clientes a compreender ainda melhor os consumidores». Em segundo lugar, «abraçar a grande aceleração e as muitas oportunidades que ela apresentará».“Operadores de centros comerciais devem apelar às emoções e experiências que motivem as pessoas a saírem de casa ”A primeira mesa-redonda da conferência centrou-se no tema da revolução dos serviços disponibilizados aos consumidores pela nova geração de centros comerciais. Segundo Pedro Siza Vieira, Sócio das áreas de Bancário e Financeiro e de Mercado de Capitais da PLMJ, os centros comerciais são infraestruturas de «geração de tráfego que permitem àqueles que criam receitas, para os operadores de centros comerciais e investidores, maximizarem o seu negócios». A experiência de sair para comprar «está a ser motivada por coisas muitas diferentes», por exemplo, «as experiências são das coisas que ainda levam as pessoas ainda vão sair de casa para procurar», refere Pedro Siza Vieira, acrescentando que «para quem vive de uma estrutura que atrai pessoas, estas questões são muito desafiantes».“São grandes desafios, mas tenho grande confiança na indústria portuguesa, pois foi sempre capaz de inovar ”Os motivos que «atraíram as pessoas, e que ancoraram os centros comerciais na experiência da cidadania portuguesa, hoje são ameaçados de vários lados, mas é um facto que os centros comerciais sempre se foram adaptando e inovando», no entanto, assim como Carl Boutet referiu, «estamos a falar de coisas muito mais transformadoras sob pena de se perder relevância para os consumidores», atenta Pedro Siza Vieira. Neste sentido, «apelar às emoções e experiências que motivem as pessoas a saírem de casa é aquilo que os operadores de centros comerciais devem estar preocupados», completa.Teatros nos centros comerciaisÁlvaro Covões, Fundador e Diretor Geral, Everything Is New, refere que «atualmente, os shoppings no Brasil não têm só cinema, mas também teatros. Temos em Portugal uma grande oportunidade para conseguir exatamente este ambiente extraordinário. O cinema garante um fluxo de pessoas nos centros comerciais: a grande oportunidade é ter teatros nos centros comerciais».Para o responsável, o «grande concorrente é o digital» e de facto há um desafio: «há uma preocupação dos centros comerciais para as pessoas socializarem, continuarem com os seus hábitos de consumo etc. O grande desafios de todos é o que podemos inventar para atrair mais pessoas».A título de exemplo, na The Walt Disney Company, «contamos histórias, e que estas impactem as pessoas desde a infância até ser adulto, através de experiências emocionais», salienta Tiago Santos, Director Marketing & Sales Iberia, The Walt Disney Company.Assim como na Disney, os centros comerciais «criam essas experiências e emoções para que, quando um visitante entre no centro, esteja a entrar num mundo novo. Qualquer experiência de futuro tem de ativar os cinco sentidos do ser humano». Tiago Santos completa dizendo que «na Disney, as pessoas que veem não são visitantes, são convidados: temos de superar as suas expectativas».Limitação dos horários de centros comerciaisPedro Siza Vieira reitera que a «intervenção regulatória, no sentido de voltar a limitar horários administrativamente, penso que não vai acontecer. Não vejo sequer esse tema a ser discutido. Penso que os consumidores não tolerariam qualquer espécie de entorpecimento à conveniência dos horários de comércio, quer nos centros comercias, quer fora».Siza Vieira abordou ainda o tema do 5G: «quando chegarmos ao final da década, já vamos estar no 6G, em que tudo vai estar a comunicar com tudo em latência mínima e com uma capacidade de transformar a nossa experiência de vida de maneiras que nem podemos ainda imaginar. Nos centros comerciais, por exemplo, o ato de comprar, ter lazer e comer vai ser completamente diferente daquilo a que estamos habituados hoje».

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