Omnicanalidade será o modelo dominante no retalho do futuro

Omnicanalidade será o modelo dominante no retalho do futuro

Considerado um dos grandes especialistas de retalho a nível internacional, Jonathan Reynolds, Vice-Reitor da Saïd Business School da Universidade de Oxford foi convidado pela Pragma apresentar aquelas que, a seu ver, são as grandes tendências que irão marcar o retalho e, consequentemente, a promoção imobiliária neste campo.

Lembrando que “o comércio, tal como a sociedade, está num momento de importante transição”, o professor britânico salientou que hoje está a acontecer uma verdadeira mudança do poder, que cada vez mais se dirige do Ociente para o Oriente. O que, é visível também no retalho afirmou, dando como exemplo o caso do Alibaba Group, “que já é uma das maiores plataformas mundiais de e-commerce, vai ser esmagadoramente maior que operadores como o Wall-Mart”.

Em 2014, as vendas online terão gerado um volume de negócios global na ordem dos 615 mil milhões de euros e a tendência é que este número cresça a um ritmo cada vez mais rápido, com os países emergentes e a China a liderarem. “É na China que se verifica um dos maiores crescimentos das vendas online” sublinhou, exemplificando com um caso recente que foi o do boom de vendas registado no passado dia 11 de novembro, data em que é celebrado o Dia dos Solteiros na China. “Só até às 12 horas do dia 11 já tinham sido gastos mais de 9.000 milhões de euros em compras online naquele país. Ou seja, muito mais dinheiro do que aquele tinha sido gasto a propósito do Dia de Ação de Graças nos EUA”.

A seu ver, estes novos players online vieram não só comprovar que “as grandes lojas já não precisam de estar numa localização física” como também que “a inovação no retalho já não é exclusiva das marcas maduras”, e que “provavelmente, o omni-canal vai ser o modelo dominante no retalho do futuro”. E, as mudanças não se fazem esperar não só na forma como se promovem as lojas físicas, mas também na forma como os retalhistas sedeados nestas últimas delineiam as suas estratégias, sendo hoje evidentes numa “redução dos m² por área de venda e também em custos agravados, além de liderem com consumidores cada vez mais informados”.

 “Não devemos estranhar se num futuro próximo os clientes passarem a comprar mais online dentro da loja”, avançou por seu turno António Paraíso, orador e consultor em luxo, marketing e inovação. De acordo com este especialista, que partilhou com os presentes algumas estratégias seguidas pelas marcas de luxo para cativarem e atraírem consumidores, “as pessoas deslocam-se à loja para experimentar os produtos, para terem a experiência sensorial” mas, na hora de fechar a transação sentem-se cada vez mais à vontade para serem elas próprias a concretizar a transação através do seu computador ou tablet.

Posto isto, e do lado da oferta, assiste-se a um esforço cada vez maior dos proprietários para diferenciar os seus centros comerciais; o que assume contornos ainda mais fortes no caso dos mercados maduros como o português, o inglês ou o norte-americano. Os malls étnicos, temáticos ou a criação de espaços de life-style dentros das lojas (com uma consequente diminuição das área de vendas) foram apenas alguns dos exemplos mencionados por estes especialistas.