Turismo pressiona subida das rendas nas lojas de Lisboa e Porto

Turismo pressiona subida das rendas nas lojas de Lisboa e Porto

No caso de Lisboa, o aumento homólogo no último trimestre do ano das rendas na baixa da cidade foi de 42%, para os 85 euros/m²/mês. Já na rua de Santa Catarina, artéria comercial principal da baixa do Porto, as rendas prime chegam agora aos 50 euros/m²/mês, o dobro face ao registado no período homólogo.

Estes dados são agora revelados pelo último Market Pulse da JLL, referente ao último trimestre do ano passado. Patrícia Araújo, head de Retail da JLL Portugal, comenta que «a baixa de Lisboa é a zona comercial da cidade que mais tem beneficiado com o turismo e, como é junto deste público que muitos retalhistas querem estar, temos vindo a assistir a um crescimento da procura por lojas, especialmente na rua Augusta», uma influência que se sentiu no aumento das rendas ao longo de todo o ano.

Já o Porto «está no radar dos retalhistas e, pela mesma razão de incentivo turístico, a rua de Santa Catarina, principal eixo da Baixa e coração do comércio de rua na Invicta, tem sido muito procurada. Em resultado, as rendas têm registado um aumento muito expressivo, embora seja de assinalar que a base era relativamente baixa», salienta.

Na capital, parte do aumento deve-se a uma menor disponibilidade de espaços, facto para o qual a Worx recentemente também já alertou. Isto impulsionou as rendas prime em praticamente todos os destinos de compras, pois também o Chiado aumentou 9% para os 120 euros/m²/mês (onde não há espaços disponíveis), a Avenida da Liberdade aumentou 6% para os 90 euros/m²/mês e o Príncipe Real 14% para os 40 euros/m²/mês. A Avenida da Liberdade terá brevemente alguns espaços disponíveis, fruto da reabilitação de alguns edifícios, e espera a abertura da primeira loja Bulgari e o regresso da Versace.

A rua Castilho é, no entanto, uma exceção, já que as rendas caíram 33% para os 30 euros/m²/mês, fruto da diminuição da procura por este destino e à saída de algumas marcas. No Porto, a procura estende-se à zona dos Clérigos e dos Aliados, que começam a acolher várias marcas premium.

Patrícia Araújo explica também que esta procura deverá continuar, com as lojas de rua a constar nos planos de expansão de operadores nacionais e internacionais, sendo que a JLL tem conhecimento de «novas marcas internacionais que planeiam abrir lojas em 2016 e, além disso, marcas já conhecidas que apostam em novos conceitos, especialmente em restauração».

Lisboa deverá continuar a assistir à «consolidação das zonas principais de comércio e também à re-emergência de outras áreas comerciais que já se distinguiram no retalho de rua noutras décadas. Mas em 2016, a grande nota do comércio de rua vai para o Porto. Prevemos que a mudança e renovação que se verifica desde há alguns anos neste tipo de comércio em Lisboa chegue em força à Invicta, muito graças ao turismo que está em crescimento na cidade e que está a ter um impacto muito positivo na performance deste segmento, quer em termos reais quer em termos do potencial que ainda pode concretizar-se».

Zonas prime vão alastrando a outras ruas adjacentes

As contas de final de ano da C&W também atestam esta tendência. Segundo a consultora, no seu Business Briefing – Retalho de Luxo 2015, este segmento do mercado cresceu 2,7% em Portugal em 2015. Os retalhistas estão mais dispostos a expandir a sua rede de lojas, principalmente em Lisboa e Porto, e a procura internacional mantem-se.

O retalho de luxo tem-se expandido em resposta e impulsionado pela procura turística, segundo a consultora. Mas se inicialmente as marcas se focavam só em Lisboa e no eixo central da Avenida da Liberdade, nos últimos anos a escassez de oferta e o aumento da procura fizeram com que os retalhistas ocupem uma área cada vez mais alargada da Avenida da Liberdade ou Chiado, e vejam o Porto como sendo mais apetecível.

Desde 2011, abriram em Lisboa 37 novas lojas de luxo e premium até dezembro de 2015, mais de metade do número total de lojas existente. Este segmento ocupava um total de mais de 20.000m² até à data, só na capital. E com a escassez de lojas, que é inevitável, mesmo com a reabilitação de alguns projetos que está em pipeline, a procura deverá continuar a estender-se às ruas adjacentes.

No seu Market Beat de Outono, a C&W apontava como ruas alternativas de crescente procura a rua Rosa Araújo, perpendicular à Avenida da Liberdade, ou as ruas adjacentes da zona do Chiado. Por serem zonas secundárias têm já preços significativamente mais baixos que as zonas prime, mas são no entanto muito próximas das mesmas.

No Porto, o comércio de luxo premium localizava-se mais, tradicionalmente, na zona do Aviz, procura que se vai estendendo aos Clérigos e ao centro histórico, por exemplo, zonas cada vez mais circuladas por um maior número de turistas.