Há novos negócios a fazer mexer a cidade do Porto

Há novos negócios a fazer mexer a cidade do Porto

 

É uma nova dinâmica que se reflete bem no Porto, onde o turismo e a reabilitação urbana têm impulsionado a renovação da cidade, captando o interesse de cada vez mais pessoas e de empresas tanto internacionais, que se estão a instalar em Portugal, como nacionais, que se estão a deslocalizar ou redimensionar, procurando espaços mais adequados às suas necessidades. Neste momento, «estamos a receber pedidos de localização para instalar um mínimo de 200 pessoas e de expansões de 500 a 1100 pessoas» referiu, na ocasião, Ricardo Valente, vereador do pelouro da Economia, Turismo e Comércio da Câmara Municipal do Porto. Para a autarquia «o desafio, nos próximos anos, é criar espaços adequados a esta procura», uma das razões pelas quais está «a trabalhar na revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), bem como na nova agenda para a reabilitação urbana». Em ambos os casos a estratégia surge orientada para a promoção da zona mais oriental da cidade, «uma área com um enorme potencial para albergar os projetos de investimento que estão a chegar», sublinhou.

A Câmara Municipal do Porto estima que aquela zona possa receber um investimento de até 75 milhões de euros nos próximos anos. «Contabilizamos um investimento na ordem dos 75 milhões de euros, sendo que 1/3 deste valor será investimento público». Com efeito, entre 2018 e 2020 arrancarão dois projetos-âncora que «irão permitir fomentar e consolidar o investimento necessário para revitalizar aquela zona da cidade». Tratam-se do TIC – o Terminal Intermodal de Campanhã, cuja obra deverá ser concretizada em 2019, e da Reconversão do Antigo Matadouro Industrial do Porto, «cujo concurso deverá estar concluído até junho e as obras deverão arrancar em outubro deste ano», referiu.

 

Investidores reforçam a aposta na cidade

 

A dinâmica sentida no Porto não passa despercebida aos investidores. O crescimento dos setores residencial e hoteleiro é acompanhado de perto pela restauração, mas os grandes investimentos da cidade são em segmentos até aqui pouco explorados. No final do ano passado a Temprano Capital Partners, grupo de investimento europeu, anunciou a criação de uma residência universitária, perto do Campus Universitário, com capacidade para 580 estudantes. Poucos meses antes a MEFIC Capital e Round Hill Capital anunciaram um empreendimento, orçado em 100 milhões de euros, que contempla uma residência com acomodação para 1200 estudantes, 200 apartamentos residenciais, um hotel, zonas comerciais, espaços de escritórios e estacionamento. Também do lado dos escritórios as expetativas são altas. Depois do anúncio da vinda para o Porto da Euronext, do banco francês Natixis, da Webhelp ou da Vesta, entre tantas outras, «a procura de espaços de escritórios continua a crescer», confirmou Luís Mesquita, da CBRE. As razões são óbvias, «o Porto é claramente uma cidade competitiva», contudo o business developer da CBRE Porto, alerta que «em termos comparativos de stock o Porto tem, com um milhão de metros quadrados, o menor stock de escritórios» a nível ibérico. Para Luís Mesquita «é necessário novos edifícios de escritórios e não deixar perder a oportunidade».

 

O que vêem os investidores no destino Porto?

 

Foi a pergunta que se impôs e a resposta surgiu quase em uníssono. Para Lisette Van Doorn, as pessoas e as empresas procuram o mesmo, «great places to go, to live and to invest». Cidades como «Berlin, Copenhaga, Frankfurt, Munique e Madrid ocupam o top 5 do ranking europeu das cidades com maior interesse para os investidores», mas «há novos destinos a entrar na rota dos investidores» reconhece a especialista internacional em imobiliário das cidades.

No caso do Porto a localização de excelência, a elevada qualificação dos seus profissionais e capacidade de atrair e reter talento colocam o Porto e Norte de Portugal como «a região com o contexto mais favorável ao investimento», afirmou Ricardo Valente.

A par destas características, o Porto é particularmente competitivo quando comparado o valor da renda prime praticado com os valores de referência de outras localizações. De acordo com um estudo desenvolvido pela CBRE, o metro quadrado no Porto, no segmento escritórios, rondará os 14 euros, inferior aos 20 euros praticados em Lisboa, bem distante dos 24 euros de Barcelona e dos 31 euros praticados em Madrid. Acresce um custo de vida 50% mais baixo do que em Paris e 40% mais baixo do que em Frankfurt.

Organizado pela Vida Imobiliária, com o apoio da Urban Land Institute – ULI Portugal, este evento teve o patrocínio da CBRE, da Schmitt – Elevadores, do grupo SIL, da Uría Menéndez Proença de Carvalho e da EY, e ainda os apoios dos vinhos Santos da Casa e do Hotel Intercontinental – Palácio da Cardosas, onde decorreu o almoço do dia 5 de fevereiro.