Zona ribeirinha é oportunidade para o imobiliário comercial em Lisboa

Zona ribeirinha é oportunidade para o imobiliário comercial em Lisboa

Uma análise recente da Aguirre Newman, que destaca o potencial para o mercado imobiliário desta zona, nota que este ano fica particularmente marcado pela instalação dos 13.900m² da nova sede da EDP, num contexto em que, nos últimos 10 anos, foram construídos 35.000m² de área para escritórios. O stock restante não inclui nenhum projeto especulativo mas sim projetos com arrendatários pré contratualmente definidos.

Eduardo Fonseca, diretor do departamento de Development da Aguirre Newman, comenta que «por força da escassez da oferta no Parque da Nações e o aumento da procura na frente ribeirinha, haverá um crescimento estruturado entre Santa Apolónia e Alcântara onde estão em curso a reconstrução/reabilitação de alguns edifícios já com utilizadores finais identificados». De recordar que o Parque das Nações tem atualmente uma taxa de disponibilidade de escritórios de apenas 5,5%, inferior às restantes zonas da cidade.

O responsável avança que «para além de todo o potencial que a zona oferece no que diz respeito à reabilitação, há ainda uma grande capacidade para o desenvolvimento de construção nova». Isto porque o Plano de Pormenor designado como “Aterro da Boavista”, compreendido entre o Mercado da Ribeira e a Rua Dom Carlos I, «tem uma capacidade construtiva acima dos 110.000m² entre escritórios, habitação e comércio, assim como os terrenos disponíveis entre Santa Apolónia e o Parque das Nações».

Assim, «com a expansão e revitalização de toda esta frente, acabamos por alcançar uma continuidade/ligação entre o Parque das Nações e Alcântara, designadas pelas Zonas 5 e 4 respetivamente (segundo o âmbito de classificação do LPI)», explica.

Já Paula Sequeira, diretora do departamento de Consultoria da Aguirre Newman, revela que « os investidores e promotores estão atentos a esta dinâmica que se faz sentir ao verem a oportunidade de expandir a oferta de escritórios nesta zona. A ilustrar esta situação está o caso do Edge Group que adquiriu dois imóveis, bem como o caso da Fidelidade Property que está igualmente a apostar no desenvolvimento de dois projetos para escritórios», exemplifica.

No caso do The Edge Group, o investimento em causa deverá ser superior aos 20 milhões de euros, aplicado na reabilitação de um edifício da Rua do Instituto Industrial, com uma área de mais de 10.000m² para escritórios. O projeto deverá ser concluído em abril, já com ocupação garantida, espera a empresa.  

José Luís Pinto Basto, CEO do The Edge Group, comentou aquando da apresentação do projeto que «estamos a investir na zona ribeirinha da cidade de Lisboa, porque esta é hoje uma das mais procuradas da cidade, por ser um local de eleição no que toca ao equilíbrio entre o trabalho, o lazer e o bem estar». No seu entender, «são estas caraterísticas, a par das excelentes acessibilidades, que fazem com que cada vez mais empresas queiram instalar-se nesta zona».

Já a Fidelidade Property tem vários projetos em carteira nesta zona da cidade, entre os quais a nova sede da Abreu Advogados, junto ao futuro terminal de cruzeiros de Lisboa, onde vai investir 13 milhões de euros para o reabilitar. O edifício ocupa um terreno de 4.200m² e dará origem a 7.400m² de área de construção, ocupados na totalidade pela sociedade de advogados.

Miguel Santana, administrador da Fidelidade Property, explicou durante a cerimónia de apresentação deste projeto, em junho, que «esta é uma zona nova para a cidade em termos de investimento imobiliário, mas que não temos dúvida que irá ganhar cada vez mais protagonismo à medida que forem avançando os projetos estruturais que para aqui estão previstos». E conclui que «a prazo, poderemos vir a fazer novos investimentos nas imediações».

A consultora destaca que muita da atratividade da zona está no facto de existirem vários edifícios devolutos, que neste caso equivalem a oportunidades de investimento em reabilitação, bem como um cenário satisfatório de oferta de serviços que era limitada até há pouco tempo, tais como o surgimento em 2018 da nova CUF Tejo, da José de Mello Saúde, ou a renovação do Mercado da Ribeira.

Mercado hoteleiro também está interessado

As atenções do mercado da hotelaria também estão nesta zona da cidade, dada a proximidade com a zona da Baixa-Chiado, Cais do Sodré ou Mercado da Ribeira. A Aguirre Newman calcula que o impacto da instalação de grandes empresas nesta zona deverá gerar a instalação de outras.

A zona histórica, pela sua natureza, disponibiliza oportunidades de investimento na reabilitação de edifícios antigos e, nomeadamente, unidades de pequena dimensão, com ofertas de 3 e 4 estrelas.