Crédito à habitação desce pela primeira vez desde 2018

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O stock de crédito à habitação desceu -0,1% em julho

Os empréstimos à habitação voltaram a desacelerar em julho, e registaram a primeira taxa de variação homóloga negativa desde 2018, anuncia esta segunda-feira o Banco de Portugal.

No final desse mês, o montante global de empréstimos à habitação era de 99.300 milhões de euros, menos 100 milhões de euros que em junho, e menos -0,1% que em julho do ano passado. Desde outubro de 2018 que não se registava uma taxa de variação anual negativa para o crédito à habitação, segundo o Banco de Portugal.

No conjunto da zona euro, os empréstimos à habitação desceram -0,8%, numa evolução semelhante à de Portugal.

Esta variação é essencialmente explicada com o aumento das amortizações antecipadas e com o abrandamento da procura de crédito à habitação.

Em paralelo, o crédito ao consumo atingiu os 20.900 milhões de euros, valor idêntico ao de junho, um aumento de 4% em termos homólogos.

O stock de depósitos de particulares nos bancos aumentou 1.300 milhões de euros face a junho, o que reflete a evolução dos depósitos com prazo acordado, que contribuíram com 1.000 milhões de euros. Os depósitos à ordem aumentaram apenas 300 milhões de euros.

Apesar desta evolução positiva, os depósitos de particulares nos bancos desceram 3,4% face a julho do ano passado.

Centeno defende que BCE deve ser cauteloso

Está agendada para o próximo dia 14 de setembro uma nova reunião do Banco Central Europeu, na qual poderá anunciar uma nova subida dos juros, tendo em conta os últimos números da inflação. O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, considera que «precisamos de ser cautelosos», mas está convicto de que «fomos comedidos e razoáveis nas nossas decisões», disse em entrevista à Bloomberg TV durante o simpósio da Fed do último fim-de-semana.

Mário Centeno defende que é necessário conhecer mais dados económicos. «Dependemos dos dados nas nossas decisões. Ainda há muitos dados a serem disponibilizados até à decisão de setembro. Temos uma nova previsão e essa previsão dir-nos-á precisamente como vemos a transmissão das nossas decisões para a inflação e para a economia e decidiremos em setembro», citam a Lusa e o idealista/news.

Recordando que a inflação tem descido a um ritmo mais elevado que o da sua subida, o governador do BdP diz que «tivemos sucesso na nossa missão até agora. Provavelmente é muito cedo para considerar isso uma vitória, mas certamente teremos de nos concentrar nesses números».