2020 foi “o pior ano de que há memória” para o Algarve

2020 foi “o pior ano de que há memória” para o Algarve

No início do mês, com o lançamento das estatísticas de dezembro, a AHETA já tinha divulgado a previsão de perda de receita de mais de 800 milhões de euros no total de 2020, uma descida de 65% face ao ano anterior, justificada pela pandemia. Atesta agora no Balanço Preliminar do ano 2020 «o pior ano turístico d que há memória», quer em termos de taxas de ocupação, quer no que toca aos resultados económicos das empresas.

No acumulado do ano, e tendo em conta todos os empreendimentos existentes, as dormidas terão descido 63,6%. São menos 15,3 milhões de dormidas face a 2019.

A procura externa desceu 75,1%, representando menos 14,2% de dormidas e menos 3,2 milhões de hóspedes. A procura interna desceu 21,2%, numa perda de 1,1 milhões de dormidas e 280.000 hóspedes.

A taxa de ocupação global média registada no total do ano atingiu os 27,7%, correspondentes a 8,7 milhões de dormidas, que a AHETA classifica como «o pior registo de sempre», e que compara com a ocupação média de 63,2% de 2019 (24 milhões de dormidas).

«Estima-se que os bens transacionáveis gerados pelo turismo do Algarve tenham diminuído, este ano, mais de 5 mil milhões de euros. Acresce que a rubrica viagens e turismo do Banco de Portugal (BdP) apresenta, em 2020, uma redução da ordem dos 10 mil milhões de euros de bens transacionáveis», refere a AHETA em comunicado.

Só os apoios extraordinários podem salvar as empresas

A associação alerta que «o impacto económico e social destas realidades nas empresas hoteleiras e turísticas regionais traduz-se, concretamente, numa elevada descapitalização e numa crise de tesouraria sem precedentes, ambas agravadas pelo agudizar da crise pandémica em todo o mundo, designadamente nos países de origem dos turistas, bem como à falta de apoios específicos consistentes à economia do turismo e aos seus agentes principais – as empresas».

E considera que «a sobrevivência das empresas hoteleiras e turísticas do Algarve vai depender, fundamentalmente, das condições fiscais e financeiras criadas pelo governo, visando manter os níveis competitivos na fase de retoma, tendo em vista evitar o colapso empresarial do sector do turismo no Algarve».

A AHETA está convencida de que «sem apoios consistentes, a recuperação económica do turismo e do Algarve estão comprometidos (…). Para responder eficazmente aos desafios competitivos na fase de retoma, precisamos de empresas hoteleiras e turísticas saudáveis, competentes e sólidas».

E a associação alerta: «caso a situação e os efeitos/impacto da pandemia se prolongarem, vamos assistir ao colapso de muitas empresas turísticas do Algarve pelo que é fundamental serem revistas e tomadas novas medidas de apoio, "no imediato e com urgência”, para prevenir e/ou impedir que tal venha a acontecer».

Retoma é possível a partir da próxima época

A AHETA acredita que a retoma poderá começar já a partir da próxima época turística (no próximo verão), embora deva ser gradual e «muito demorada».

Certo é que manter-se-ão nos próximos tempos os principais fatores de incerteza que condicionam esta recuperação, nomeadamente o comportamento do transporte aéreo, os canais de comercialização e distribuição, operadores associados à intermediação e, sobretudo, o evoluir da pandemia e as restrições impostas pelos países de origem dos turistas.