Residências universitárias em Lisboa e Porto atendem apenas 2% dos estudantes

Estudo da Savills sobre Residências de Estudantes.
Atualmente, Lisboa e Porto somam aproximadamente 12.500 camas.

No ano letivo 2022/2023, registou-se em Portugal um total de 446.000 estudantes matriculados em instituições de Ensino Superior, dos quais 78.000 são estudantes internacionais. Este número reflete um aumento de 3% no número de alunos face ao ano anterior. É uma das conclusões do mais recente estudo da Savills sobre Residências de Estudantes, “Riding the Wave – Student Housing Accomodation”.

Perante um crescimento consolidado (15% nos últimos cinco anos), a procura crescente por alojamento estudantil continua a aumentar e constitui um dos principais desafios que o ensino superior enfrenta atualmente. Mesmo com a rápida expansão de novos projetos em Lisboa e no Porto, uma parte significativa do mercado é ainda coberta por oferta desadequada às necessidades efetivas dos estudantes.

58% da oferta de Lisboa e Porto provém de operadores privados

Atualmente, Lisboa e Porto somam aproximadamente 12.500 camas, das quais 58% constituem oferta de PBSA operacionalizada por operadores privados. Até 2028, estima-se que sejam disponibilizadas cerca de 8.800 novas camas, das quais 85% pela mão de operadores privados em várias regiões do país. Esta oferta irá beneficiar especialmente os estudantes que procuram acesso ao ensino superior nas principais cidades como Lisboa e Porto. Além disso, outras localidades como Aveiro, Covilhã, Faro, Braga e Coimbra também serão contempladas com novos projetos de residências de estudantes privadas.

Alexandra Portugal Gomes, Head of Research da Savills, refere que «os números suportam um mercado em crescimento em Portugal. A necessidade de entrada de oferta ajustada não só aos números de estudantes, mas também aos requerimentos dos estudantes, é vital para que o nosso mercado se mantenha competitivo. Temos um ensino superior de qualidade cada vez mais reconhecida nos rankings internacionais, mas é necessário que o investimento tanto de operadores privados como das instituições públicas consiga responder em tempo útil à procura que tende a crescer cada vez mais».

O rácio atual de provisionamento de alojamento estudantil na capital é de apenas 5%. Com cerca de 131.000 estudantes, a cidade de Lisboa registou um aumento de 3% no número de alunos comparativamente ao ano passado, dos quais 17% são oriundos de outras geografias, maioritariamente do Brasil e Angola. Para os próximos anos, o pipeline já em construção supera as 3.000 camas.

Quanto ao mercado do Porto, o rácio de provisionamento de alojamento estudantil é de 8,2%. No total do ano académico de 2022/2023, o Porto recebeu 71.750 alunos, sendo que 16,5% são internacionais, com destaque para Brasil e França. Até 2026, estão previstas a entrada de mais de 2.000 novas camas em projetos desenvolvidos por operadores privados.

“O mercado de residências universitárias em Portugal é sustentado por fortes fundamentos, atraindo uma gama cada vez mais diversificada de investidores e operadores que procuram expandir a sua atividade no sul da Europa, entrando numa das classes de ativos mais resilientes do imobiliário”

James Snaith, Operational Capital Markets Director da Savills, frisa que «durante o ano de 2023, têm-se verificado algumas transações high quality no mercado português de student housing, o que demonstra o interesse dos investidores, tendo em conta que o entry pricing é mais suave do que noutros países, mas os fundamentos são igualmente convincentes».

Já Luís Clara, Capital Markets Associate da Savills Portugal, sustenta que «embora o mercado de residências universitárias do Porto esteja a prosperar, com um desempenho operacional estabilizado e um mercado transacional dinâmico, a realidade é que a taxa de provisão continua a ser relativamente baixa, particularmente quando comparada com cidades académicas mais estabelecidas em toda a Europa. A recente atividade de investimento provou que ainda existe muito capital para investir em Portugal, a dificuldade continua a ser o acesso a terrenos e projetos disponíveis com retornos esperados ajustados ao risco».